domingo, 13 de agosto de 2017

ALFACINHAS E TUPINIQUINS

12/08/2017
Alfacinha é como chamam o morador de Lisboa. Conta a lenda que durante um prolongado sítio à cidade feito pelos mouros, entre 711 e 714, não entrava alimentos na cidade e a alface era, não só uma planta abundante, mas a única que existia no local. 
Também, talvez, porque não raras vezes eles ficam verdes de raiva! Principalmente quando se insiste numa informação qualquer e eles não são muito pacientes. Mas, apesar de um pouco intolerantes com turistas, são em geral simpáticos e até carinhosos quando gostam de você.
A dona da Guest onde estou hospedada e com quem só falei pelo telefone (acho que é uma médica diz que quer muito me conhecer porque a Madalena (a faxineira) fala muito bem de mim; e é "beijinhos para cá, beijinhos para lá" e "você é uma querida". 
Enquanto que o brasileiro gosta de agradar e de dar tapinhas nas costas, eles são verdadeiramente amorosos.

Ando aqui nos autocar nos horários onde não tem muitos trabalhadores mas, muitos velhinhos e aposentados. A novidade para mim é a quantidade de pessoas negras que encontro nos transportes coletivo e nas ruas, com quem gosto também de conversar, além do velhinhos. 
Elas vão as compras, ao médico, etc, como o restante da classe média. Noto que não existe nas roupas e no comportamento, nada que indique uma diferença de classe econômica - são da classe média e não vivem em guetos, mas dividem os mesmos espaços com todos.
Porém, quando puxo conversa percebo que causa uma certa estranheza, acostumados que estão a ser "invisíveis" aos demais. Quanto a mim, só posso pensar que tenho um sanguinho lá na mãe África também porque sou fascinada pela raça negra. 


Alfacinha, gênero masculino, posso falar de dois. Conheci em Setúbal um português, que para minha decepção era leitor de Paulo Coelho e gostava de citar Jacques Prevért. Mas, fora o gosto literário duvidoso, tinha um ótimo papo, inteligente e com excelente senso de humor. Estava com um amigo belga que foi fotógrafo do Jacques Costeau. Convidaram-me para jantar quando na volta a Lisboa, porque também moravam aqui. Não foi em frente porque fui percebendo que ali já existia um casal e caí fora.
O segundo alfacinha era um tipo bonito, elegante e vestia uma cashmere jogada nos ombros quando saímos a noite para ir a um clube de jazz. Levou-me também a um local de shows mais alternativo, interessante também. Valeu para conhecer este lugares, só não valeu a a companhia pois a noite toda não falou nada que valesse a pena. E, no clube de jazz chegamos já na metade do primeiro show e me fez sair antes do início do segundo porque teria que pagar um novo ingresso, que era de 7,50 euros. Pobreza intelectual e financeira não dá e cai fora também.   

O português em geral - claro que falo da classe média e não daquele que estão nas academias ou em meios mais intelectuais - não são muito refinados. Exceção também àqueles que saíram do país, como foi o caso do leitor do Paulo Coelho e que morou até recentemente nos USA.
Por outro lado, percebi que a imagem que a classe média aqui tem do brasileiro é a do imigrante nordestino, que até recentemente vinha para cá trabalhar. E, a do Brasil, de um país não muito pobre, mas mais atrasado que eles; quando, na verdade, como somos muito mais consumistas que eles e nosso padrão de desenvolvimento são os USA, em muitos aspectos somos muito mais modernos. 
Mas, hoje muitos brasileiros da classe média tem vindo para cá estudar e o número de turistas também tem aumento muito. Creio que também as novelas brasileiras tem mudado um pouco esta imagem.
Entre os turistas tem os jovens que estão estudando em outros países da Europa e vem  passear em Portugal. São jovens, bonitos e extremamente educados. Tem os casais ou grupos de brasileiros que, estes sim são os típicos turistas brasileiros, que falam alto, são espaçosos e as mulheres meio "peruas" (embora as portuguesas vista-se muito parecido. Tirando a Benetton, nas demais lojas as roupas são muito parecidas com as nossas).  

Agora, a pior turista mesmo é a minha vizinha de quarto de hotel.
É uma nordestina rude, do tipo que veste-se mal, usa calça jeans, mesmo com o calor que esta fazendo e, nunca vi ninguém tão tão bronca e isto que é advogada.
No primeiro dia que fui apresentada a ela, convidei-a para almoçar - o assunto era só a irmã que não ajudava a cuidar da mãe, os filhos e netos, um blá blá blá sem fim. O almoço foi longo e tediosos. Tentei dizer "esquece você está em Lisboa, nesta cidade maravilhosa, curte a tua viagem", mas não teve jeito. Está viajando com o cunhado e a irmã, que estão em outro hotel e à noite quer sair comigo porque eles dormem cedo. Venho fugindo dela como o diabo da cruz!
   

Bem, vou parar de falar sandices, continuar aqui na minha sangria, que parou o vento e o sol esta muito giro.

    

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