quarta-feira, 23 de agosto de 2017

MALTA

23/08/2017
Hoje tudo começou mal porque, o Airbnb - que havia reservado ainda em janeiro e que já devia ter cancelado pois, com a exceção de Valência, as outras experiências foram péssimas - foi a pior de todas, muito além do que eu poderia imaginar. Aos conhecidos que estejam pensando em vir a Europa desaconselho a hospedarem-se com a Airbnb.
Liguei para eles que me devolveram a metade do que havia pago e vim para um hotel que fica em frente a uma marina, com vista para a bela paisagem de Valeta. O Sliema Marina Hotel, em Sliema não é nada de especial, mas tem banheiro privativo, é limpo e tem o básico, que para mim é suficiente. Além de ser bem localizado, claro. 
Mas, com esse visual, se o quarto fosse de frente, ia ser bem melhor...e, infelizmente, bem mais caro.


 
 


24/08/2017
Ventava muito e o dia não era dos mais bonitos, com nuvens escuras ameaçando chuva, o que acabou não ocorrendo. Mesmo assim, achei melhor fazer um City Tour de ônibus, deixando a praia para o dia seguinte. 
Desci na Mdina, a antiga capital de Malta e um importante centro urbano do período medieval até o séc. XVI; onde, além das instituições governamentais, também ali viviam as famílias mais influentes. 
Mdina passou por um período de decadência quando as ilhas foram vendidas a Ordem de San Juan que se estabeleceu na região portuária. E, em 1693 um terremoto levou abaixo a maior parte dos edifícios públicos e particulares, posteriormente reconstruídos. Iniciando,  assim uma fase de renovação com a reconstrução da catedral, do portão principal e a construção de novos edifícios públicos em estilo barroco francês. 
Manteve, no entanto, o antigo traçado medieval de ruas estreitas e praças, que somando a presença dos karozzins (carruagens) dão a fortificação um grande charme.  




       

 

   Abaixo, o Palácio de Vilhena, hoje Museu Nacional de História Natural.



  Abaixo, e ao fundo esta o Mdina Experience, um café no melhor estilo 


 





  Abaixo, antigo seminário e hoje Museu da Catedral.
 
                     
Depois da Mdina, o ônibus passou por algumas praias do norte da ilha. Deu para perceber que o mar é transparente, em tom azul turquesa, lindo. 
Mas, ainda estou na expectativa sobre a temperatura da água. Conto amanhã na volta do passeio à ilha de Comino e à Lagoa Azul.











25/08/2017
Precisei comprar um chip local, caso contrário não conseguiria acessar o Google Maps e acabei perdendo o barco para Comino. Espero que amanhã nada atrapalhe o passeio à ilha.
Segui, então, de ônibus para a praia de Balluta, em Sliema, escolhendo ficar em uma piscina a beira mar.



 

 

A opção pela piscina é porque as praias de Sliema não tem areia mas rochas de arenito, como podem ver na foto abaixo e, é necessário uma toalha grossa (que não tenho porque ocupa muito espaço na mala) ou um colchonete. 
Em Nice, onde também não é areia, mas seixos, alugavam colchonetes, aqui não vi e acabei optando pela piscina.
Voltei a pé até Sliema Port onde estou hospedada afim de observar melhor as praias.





Também ao longo da orla encontra-se bares com uma estrutura de clube, até com Jacuzzi.



UM BREVE HISTÓRICO:
Primeiro foram os Fenícios, depois vieram os romanos, os normandos e na idade média famílias aragonesas e catalãs se estabeleceram em Malta, quando o pais foi dividido em feudos. 
Em 1523 o rei Carlos I da Espanha a vendeu para a Ordem de São João que aqui permaneceram até a invasão de Napoleão Bonaparte. 
Em 1565 os Otomanos fizeram um cerco a ilha que durou 4 meses e, vencedores, os malteses acharam por bem construir novas fortificações. Foi somente com a ajuda da monarquia da Sicília, dos portugueses e dos ingleses que Malta conseguiu que os Otomanos capitulassem quando, então, os ingleses tomaram posse da ilha. 
Estas, no entanto, não impediu que no séc. XVIII  os franceses invadissem a ilha e aqui permanecessem durante 2 anos. 
O interesse dos franceses assim como os dos ingleses era a posição estratégica da ilha que facilitava o comércio com o oriente e pouco fizeram pelo desenvolvimento do país. Na arquitetura vemos uma maior influência catalã. 


Durante a 1a Guerra Malta foi chamada de "enfermaria do Mediterrâneo" pelos serviços hospitalares que proporcionavam as tropas aliadas. Já, na 2a Guerra a situação foi outra: a Itália do ditador fascista Mussolini declarou guerra contra a Grâ-Bretanha e aliados e Malta sofreu um novo cerco que durou de 1940 até 1943 causando muita destruição e obrigando famílias inteiras a viverem em refúgios.
Os ingleses aqui permaneceram até 21 de setembro 1964, data da independência de Malta. Em março de 1979 as bases inglesas se retiraram da ilha embora esta ainda mantenha relações com a Grã Bretanha, através da Commonwealth. Também, desde 2004 Malta faz parte da União Europeia.     


26/08/2017
O arquipélago de Malta é formada por três ilhas: Malta (a maior), Comino e Gozo. Comino, a menor delas não é habitada. Entre Comino e Gozo fica a Lagoa Azul. 
A sede da republica parlamentarista fica em Valeta. Malta possui 316 km2 (a ilha de Florianópolis possui 675 km2), um dos menores países da Europa mas com alta densidade demográfica. População de 450 mil habitantes (Florianópolis tem 470 mil) e PIB Per Capita de 23 mil euros (e Floripa 8,600 mil euros) e IDH muito elevado.

Comino é uma ilha desabitada, com um único hotel na única praia existente mas é para lá que vão a maioria dos barcos de turistas devido as suas águas transparentes azul turquesa. E o local mais procurado é a Lagoa Azul, entre Comino e Gozo, realmente belíssimo. Para onde fui hoje, no meu momento turista.


  

   
  



As japonesas são muito engraçadas, vão todas vestidas para a praia e ainda portam sombrinhas para protegerem-se do sol. Lembrei de uma prima que mora em Florianópolis, que nunca vai a praia e, se aqui estivesse, certamente teria adotado o figurino praia das orientais.
  

27/08/2017
Valletta é a a cidade mas antiga de Malta, foi construída em 1530 pelos cavaleiros da Ordem de São João. Ela é toda fortificada Os edifícios são em estilo renascentista e a partir do séc. seguinte, em estilo barroco. É uma bela cidade e não por acaso foi considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Esperava uma cidade com muitas ruelas estreitas e sinuosas mas, o arquiteto militar enviado pelo papa, que a planejou, a fez com ruas em linhas retas, se cruzando perpendicularmente. Mas os ônibus não podem entrar em Valletta, somente os carros particulares. 




prédio abaixo, moderno bonito que está bastante integrado ao entorno, é atualmente a sede do parlamento.



 Ocorria uma missa na estupenda igreja de São João e não eram permitidas fotos nem a circulação pelo interior. Mas já estou expert em dar "um um jeitinho". Também não foi possível admirar o Caravaggio em um dos oratórios laterais.



No caminho para o Palácio do Grão-mestre me deparei com um casamento paquistanês. Os noivos estavam saindo de uma igreja e dirigiam-se para um carro antigo que os aguardava. Haviam músicos e era oferecido aos convidados pedaços de pão.


 











O Palácio do Grão-mestre foi a residência oficial daquele que vinha a ser o prefeito da cidade. Em 2013 passou a ser sede do parlamento maltês e hoje é usado somente para eventos oficiais. Em algumas salas, como a Dos Tapetes, com uma bela coleção de Gobelins, não foram permitidas fotos.  

 





   




Na rua da República, que conduz ao forte de São Telmo dá para ver a quantidade de turista que circula por aqui.







28/08/2017
Marsaxlokk é uma vila de pescadores onde ocorre aos domingos de manhã um mercado de rua, com antiguidades, comida típica e música típica. Mas acabei esquecendo e resolvi ir hoje. Mas sem o mercado o local não tem nada muito especial, além dos barcos de pescadores, uma igrejinha e casinhas amarelas como em toda a ilha, valeu só para comer um peixe na brasa muito gostoso. 



    






Na volta de Marsaxlokk parei em Valletta, faltava ainda conhecer o Passeio Marítimo, fica fora dos muros da cidade, na área do porto, que foi planejada para receber os passageiros dos transatlânticos, possuindo muitos restaurantes além de toda uma infraestrutura para a recepção destes turistas. 


  


Subi, depois, por um elevador que me deixou em um mirante na área central de Valletta, onde se podia vislumbrar a vista de Senglea, Vittoriosa e Cospicua que ficam no lado oposto à Sliema e formam as 3 cidades chamadas de Cottoneras  pelas fortificações que as unem. 
É possível ver o magnífico forte de Santo Anjo, em Vittoriosa onde, durante a Segunda Guerra se refugiaram muitos moradores de Malta. Também em Vittoriosa esta o Palácio do Inquisidor, onde o Santo Ofício combatia os hereges, mandando matar ou torturando-los. 
O maior interesse em Cospicua é a igreja da Imaculada Conceição (e como tem igreja nesta ilha!!!). E Senglea é hoje uma importante marina para grandes yachts.  
      
 





29/08/2017
Tia Maria, que vem-me seguindo bravamente, perguntou-me se não estou cansada desta maratona. Confesso que cansei, sim. Mas não é um cansaço físico, é mais um cansaço mental pois, em cada cidade que chego, preciso me adaptar ao idioma local, me informar sobre os lugar que vou visitar, saber como chegar lá e, isto inclui entender como funciona o transporte público, p.ex. 
É muita informação para ser elaborada e, enquanto o corpo se recupera rápido, a mente precisa de mais tempo - é necessário acionar o pause de vez em quando, o que para mim é muito muito difícil. 
Poderia ter ido para a Sicília, num bate e volta de um dia, porque é muito perto, são só 93 km de ferrys e pode-se pegar de manhã e voltar no final do dia. Mas não fui porque sinto que meus neurônios não aguentam mais. Ou neurônio, no singular, porque as vezes acho que só tenho um (um caso de cérebro de ameba)

Ontem, pretendia conhecer as Catacumbas, em Rabat e fui para o ponto do ônibus que fica em frente ao hotel. Uma hora e nada do bus 222! Desisti e fui para Valletta para onde tem ônibus de 5 em 5 minutos e, de lá para  Marsaxlokk.
Hoje não falo sobre lugares, palácios ou igrejas, mas sobre os Bus - são, como no restante da Europa, confortáveis, mas vivem lotados nos horários de pico e são muitos, congestionando as ruas estreitas das cidades. Como eles não tem metrô, todo o transporte coletivo é feito por ônibus. 

Turista só anda de ônibus (só os brasileiro não abrem mão dos táxis) e os europeus pegam ônibus até quando vão para o aeroporto com malas enormes.  E, na ilha toda, que é menor que Floripa, deve ter uns 5 mi de turistas. A maioria italiano depois inglês e outros que não soube identificar, creio que do leste europeu. 

Malta é um pais com um IDH alto e um PIB Per Capita que é o dobro do Brasil porém, do ponto de vista urbanístico se parece muito com nossas cidades com seus engarrafamentos, calçadas estreitas e fiação elétrica aérea. 
Tudo aqui é um pouco caótico: o trânsito, a circulação das pessoas e o grande número de construções, com gruas e andaimes nas calçadas, agravando mais esta sensação de caos. 
Claro que isto não inclui as cidades históricas, Valletta e Mdina que não tem circulação de carros e são bem muito bem cuidadas.    
A foto abaixo de Sliema lembra um pouco a orla de Copacabana com seus bistrôs nas calçadas.


Amanhã, ufah... embarco para Madri e em seguida, para Lisboa. Durmo em Lisboa e no dia seguinte encontro com uma amiga. Vamos para Oeiras (ela já esta lá, na casa de uma ex-cunhada e irá a Lisboa para me encontrar), para aquele lindo vilarejo português, onde pretendo, finalmente, descansar.   





 



Um comentário:

  1. E complicado estas reservas sem garantias do que você realmente quer e ter que correr atrás para resolver! Enfim experiências em sua bagagem de viagem! Estou curiosa para conhecer o que Malta tem de especial, além do mar e construções estilo marroquinas?! Mais uma aula de conhecimento para aguardar! bjs

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