domingo, 29 de novembro de 2015

MARRAKESCH

(LER ANTES "MARROCOS PROFUNDO")

Cheguei hoje no Riad Goloboy e, aliviada, constatei que corresponde ao que está  na Internet, é très charman. Depois de dormir uma semana numa barraca, estou me sentindo uma princesa das Mil e Uma Noites. Embora ele fique num beco, como quase todos os riads. Ou, mais do que num beco, fica num labirinto tão complicado que tive que decorar: "primeiro dobra à D, depois à E, mais 3 vezes à E e depois novamente à D - isso só  para sair do beco e chegar à rua.

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Para Vania e Nilce: olhem onde esta o fofo do coelhinho. Vou pedir para trocarem com a escultura que esta ao lado da minha porta, pois levo um susto cada vez que dou de cara aquele enorme lagarto vermelho.
Troquei o bichinho de posição, agora ele fica de costa para a minha porta. Vai ficar de castigo!
Mas é tudo de muito bom gosto. A propritaria é uma francesa, design de interior, que mora em Paris. Quem cuida sao 3 rapazes, mais uma cozinheira e uma faxineira. Todos muito simpaticos.


vista do terraço para a torre da medina chamada por eles de Koutoubia.



A tarde fui a praça Djmaa el-Fna e na volta me perdi. Nao foi facil achar o caminho de volta, nao há nome nas ruas e nenhum guarda sabia informar. Comecou a escurecer e fiquei preocupada porque ainda tinha que passar pelo beco para chegar ao riad. Mas quando cheguei no beco e vi que ainda haviam pessoas transitando no local, fiquei mais tranquila.
 Já,  na el-Fna, nao me perdi; tem alguma sinalização, nao muita, mas tem e é só perguntar que eles indicam a saída. Há  muita coisa linda para se comprar nos souks, porém decidi não arriscar perguntando os preços para nao ser assediada novamente. Deixarei estas compras para o final da viagem.

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Souks dentro da Djma el-Fnaa


Hoje fui a Geliz, na regiao da Ville Nouvelle, a parte moderna da cidade, onde estão as lojas como Zara, Gap, Acessoryse, shoppings e cafes. Precisava comprar uma calça (estou com uma mala de roupa suja e não há lavanderia self service) e trocar a culinaria local por um sandwich no Mac Donald e  um chocolate quente na Starbucks. (salva pelo capitalismo!). Ainda não estou recuperada  de uma leve diarreia causada pelo abuso dos temperos nos pratos tradicionais deles, como o tajine, que nao permite que se sinta o gosto dos demais ingredientes.

Guéliz
Depois de Geliz fui ao Jardin Majorelle, de Yves Saint-Laurent. Lindo!
Jardin Majorelle




Infelizmente nao pude tirar fotos do museu Berbère, que é belíssimo, nao só o acervo de roupas e joias mas tambem há uma sala belíssima, onde é simulado o céu do Sahara (que nao pude ver quando estive lá  porque a lua cheia ofuscava as estrelas). Já, a loja me deixou numa frustração enorme porque os preços são de haut-couture, tudo muito YSL, tudo divino e caro. No café também os preços não eram nada prêt-à-porter.



Mas Marrakesch é mesmo cheia de contrastes: tem a bonita e limpa Geliz e a suja e caótica Medina. Tambem no povo encontramos grandes diferenças e hoje tive uma prova: quando saia do Jardim Majorelle parei num camelô para comprar uns souveniers. Na hora de pagar, ao inves de dar 100 Dihans ao vendedor dei 100 U$ (que corresponde a 1.000 Dhs) e ele me alertou  para o erro. Depois, ali mesmo, peguei um taxi para retornar ao riad e o motorista insistiu em me levar a um outro local onde havia uma festa, não cobraria mais nada (é costume acertar o preço da corrida antes). Precisei repetir diversas vezes, com firmesa!!!, que nao podia me atrasar, que meu marido estava a minha espera no hotel. Antes, ja havia feito varias perguntas, se viajava só, se era casada... Disse que viajava com o marido, com os filhos nao,  porque ja eram grandes.
Diria que há duas Marrakech, uma que vive na idade média e outra moderna, convivendo lado a lado.


O cafe da manha no riad é muto saboroso e servem sempre Romã que, junto com o figo e a Tamara sao, para mim, as frutas mais saborosas que existem.
Tenho voltado para o hotel as quatro da tarde porque as cinco horas começa o rush e é aquele caos. Nao ha sinaleira e os motoristas não param para voce passar. Pas de organizacion, nao existe "mão direita e mão esquerda"; é bagunça total, um salve-se quem puder!
No deserto dormia as 19:00 e aqui esta sendo quase igual. Mesmo porque depois das cinco esfria bastante. Reclamei do aquecimento e quando cheguei  hoje, já estava ligado. Antes, só ligavam a noite, o que não resolve muito porque demora para esquentar o quarto.

                                                         Não parece nossas favelas?
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Desconfio que o pao que servem no café da manhã vem desta banquinha aqui na rua.

Mesquita e minarete Koutoubia


                                                                        fotografando moda
lã de camelo usada na confecção de tapetes.

Bab Agnaou
Hoje fui ao Palais el-Badi e ao Palais el-Bahia. As fotos acima foram feitas no caminho.
Palais el-Badi



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                                                              ninho de cegonhas

O Palais el-Badi foi construido no seculo 16 pelo sultao Ahmed el-Mansur com marmores e mosaicos com folhas de ouro. Um seculo depois, destruido por Moulay Ismail, que nao sei quem é, talvez algum político da esquerda. Como veem a pilhagem sempre existiu, nao foi inventada pelo PT, só aprimorada.
O outro palacio, o el-Bahia, que quer dizer "resplendor" foi construido no sec. 19 pelo Vizir Bou Ahmed, onde viveu com 4 esposas e 24 concubinas. Este esta bem conservado.

Palais el-Bahia








Après, j'ai repose on mon palais.  Amanhã pretendo ir a Medersa Ben Youssef, hoje desativada, e ao museu Marrakech. Quinta estou programando fazer compras na el-Fna e na sexta começa o Festival Internacional de Cinema.


No caminho para a praça el Fnaa encontrei estes vendedores de água.


Para ir ao museu Marrakech é preciso passar por dentro de uma Souk da praça el Fnaa. Na entrada do Souk ha um santuário em homenagem ao monarca Mohamed VI e a sua família.


Oarece nossos museus, não?





                                                Passagem para a madrasa Ben Youssef





Fotos para revista de moda

                                              Por 10 dihans ela aceitou tirar uma foto.

                                                           A volta para a praça el Fnaa. Assustador.
                                                         musicos na praça el Fnaa.

Sinto que cheguei ao limite da exaustão. No final da tarde fui lanchar em Géliz para fugir do estress da Medina e amanhã pretendo sair só a tarde, para fazer compras no Centro de Artesanato, que é bem mais organizado que os souks.
Nao encontrei tudo o queria no Centro e tive que ir a praça Djmaa el-Fna. Fazer compras nos souks da el-Fna é uma experência única porque você nunca  mais vai querer repetir, tal é a pressao dos vendedores sobre você.
Pela primeira vez encontrei um brasileiro e novamente sao do programa "Estudantes sem fronteiras" da Dilma. A ultima vez foi em Praga. Estes  estudam na Irlanda. Mas sera que estudam mesmo?


Hoje começa o Festival de Cinema e pretendo ir a abertura no Palais de Congrés. Se nao puder entrar ao menos conhecerei outra parte da cidade, Hivernage, onde ficam os hoteis de luxo e o cassino.
O local do evento é muito bonito e a produção é  grandiosa. Mas não vi grandes nomes do cinema, com excessao de Abbas Kiarostami, que é um dos homenageados.

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Festival de Cinema na Praça el-Fnaa



A noite a praça el-Fnaa é uma festa.  Todo mundo vem para cá para comer e tudo parece muito gostoso, mas nao quiz arriscar, ainda estou me recuperando.
Hoje retornei a Hivernage, para tirar umas fotos. É o bairro classe A. onde estao os hoteis de luxo, o Sofitel, o Meredian e o top, o El Mamunia, ao lado do Cassino com o mesmo nome. As avenidas sao largas e ajardinadas. Um dos locais mais bonitos é o calçadao, com uma ciclovia, que acompanha o muro. Pensava em alugar uma bicicleta e fazer este passeio, mas minhas condições físicas não permitiram.






Domingo de manha volto a Lisboa, ufa!! Depois ao Brasil, para festejar a saída da nossa presidanta. 🛬

REFLEXÕES: É só atravessar o Estreito de Gibraltar que estamos na Europa. Mas, embora geograficamente proximos, os 2 continentes - Africa e Europa - estão à leguas de distancia, culturalmente.  E, se somarmos o continente africano, à parte do oriente médio e parte da Asia, veremos que 2/3 da humanidade não alcançou o século XXI. Alguns, como os Marroquinos, ainda tem um pé na idade média.
É muito triste pensar que há tantas diferenças - que algumas pessoas vivem em um mundo tão limitado, tão resumido enquanto que outras tem tudo, ou quase tudo.
Mas, o mais grave é que estas diferenças geram conflitos e rancores. Quando o papa fala em acabar com o ódio entre cristãos e muçulmanos ele incorre numa inverdade, porque o ódio não parte de ambos os lados - o ódio é dos muçulmanos em relação aqueles que chamam de infiéis, cristãos incluidos.
Certamente porque estes tem o que eles não podem ter, que é  conforto material, liberdade e o direito de  decidir a propria vida, visto que sao escravos da religião. E o poder absoluto dos homens sobre as mulheres, parece ser seu unico gozo. À estas é negado tudo: como ser dona do proprio corpo e dos próprios desejos. Mas, principalmente, aos homens e mulheres  lhes é negado o direito de sonhar e ter esperança de uma vida melhor.
Tenho pena dos muçulmanos, não ódio e, como Infiel que sou, gostaria que seu mundo fosse outro, não este das madrasas, do Corão e das burcas - verdadeiras prisões - que levam a que odeiem todos aqueles que estão fora delas.