domingo, 18 de julho de 2021

NA TERRA DOS FARAÓS


EGITO 
Em setembro sigo para o Oriente Médio e a primeira coisa que faço antes de uma viagem é pesquisar, começando pela economia e a política do país que vou pela primeria vez, caso do Egito. 
Começei com o Pib Per Capita, bem menor que do Brasil - algo em torno de 3,3mil dolares no Egito, no Brasil 6,79. Antes de Bolsonaro nosso PPC era de 14mil dólares. 
A economia do  Egito é prioritariamente baseada no turismo (70%) porém, a presença do terrorismo e, recentemente, da pandemia provocada pelo Covid, vem provocando uma queda. Como é um dos poucos que hoje aceitam brasileiros há muitos brasileiros por lá.
O país todo tem em torno de 100mi de habitantes e a capital, Cairo, é quase o tamanho de uma SP, embora menos moderna, com seus mais de 1 mil anos de existência tem, por outro lado, um grande patrimônio histórico. Fora as pirâmmides, proximas à capital, a maioria, encontra-se às margens do NIlo.
Após a Primavera Árabe e a destituição de Hosni Mubarak e, posteriormente, a prisão de Mohamed Morsi, assumiu Abdul Fatah Khalil Al Sisi, um ditador linha dura que mantém o país sob rígido controle das leis islâmicas. Que, como a maioria dos países árabes, fazem da vida das mulheres uma tarefa bem difícil.
No livro Sobre Jasmins, bombas e faraós, a jornalista brasileira Carolina Montenegro, fala  agreções sofrida pelas mulheres durantes manifestações na Praça Tharir, em 2011 e, àquelas que ainda hoje arriscam-se a andar pelas ruas sem a companhia de um homem. 
Pensei até em me vestir de homem para poder flanar sozinha pelas ruas do centro histórico mas, achei que não vai dar muito certo mas achei que era melhor andar com uma guia.  
Baixei no meu iPhone também o livro O Egito do Eça de Queirós mas, como foi escrito no final do século 19, creio que deve ter mudado muito.
Não poderia deixar de pesquisar também a culinária egipcia e selecionei o Mahshy (charutinho) e o pudim com nozes, e o Om Ali que me pareceram ser menos arriscado. A carne assada no grill junto com uma almondega de carne moída é o Kebab we kofta acho que também não causará muita estranheza. Entre os sandwichs, o mais famoso deles é o Shawerma.



                                                                ISRAEL
Depois do Egito devo ir para a "terra santa", começando por Tel Aviv e, em seguida, para a capital Jerusalém e a Cisjordânia. Com um Pib Per Capita de 42mil dólares, bem maior do que o do Egito, um IDH "muito alto" e um índice de Gini, ou seja, a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos, também superior, inclusive em relação ao Brasil é um dos paises mais avançados do sudeste da Asia. 
A população de Israel é de 9 mi de habitantes, sua capital é Jerusalém mas seu centro fincanceiro é Tel Aviv. 
O país divide-se em 4 regiões geográficas: a planice costeira do mediterraneo; as cadeias de montanhas de Golan e montanhas da Galiléia a nordeste; no oriente, atravessado pelo Rio Jordão, fértil, no sul, semi-árido, encontramos o Mar Morto.
 Também na cultura os judeus projetaram-se internacionalmente. Na literatura tiveram um Prémio Nobel, Shmuel Yosef Agnon e outro bastante popular, Amos Oz, um pacifista.
Também a Filamônica Israelense é conhecida mundo afora. Infelizmente, devido a pandemia, não poderei assistir um concerto da Filarmônica. 
Na culinária os judeus incorporaram muito da cozinha árabe, como o falafel, o homus (que sei que não vou gostar!) e o cuscuz. Já, o doce mais tradicional é o sufganiaya.
NOTA: a viagem a Israel foi abortada porque suas fronteiras fecharam para qualquer estrangeiros e, caso abram, exigirão quarentena. 


                                                        FRANÇA
Seu tudo der certo, vou para a França e fico uma semana em Paris.

08/09/2021
Sao 3h da tarde e estou sentada no aeroporto Hercílio Luz aguardando o embarque para SP. Evito pensar nas horas que ainda levarei para chegar até a cidade do Cairo, meu destino final - 27h contando com as conexões.
Ayman, um rapaz árabe q fala português estará me aguardando para levar ao hotel e me ajudar a fazer o Visto de entrada no pais. Só não contava que ficaríamos, eu e um grupo de brasileiros, 2h no aeroporto do Cairo para fazer um novo teste de Covid, isto porque sao muito muito desorganizados.
Assim, o primeiro dia será só para descansar pois sigo no dia seguinte para um passeio de 4 dias pelo Nilo.

09/09/2021
Como precisava comprar um chip para o celular e estava tudo fechado no entorno do hotel, arrisquei andar um pouco mais. O transito é caótico e é quase impossível atravessar a rua,  há uma sinfonia de buzinas enlouquecedora. Não há sinalização e creio q é assim que organizam o transito: uma buzina longa ou 2 rápidas significam, p.ex. mudança de pista. Não usam sinalizar com a seta ou colocar o braço para fora, como fazíamos antigamente.
11/09/2021
Segui para Luxor para um passeio pelo Nilo no Blue Shadow, com um grupo: um casal de peruanos - ele medico - e 2 guatemaltecos, um deles também medico. Haviam muitos brasileiros no barco. Ate pouco tempo o Egito era um dos poucos destinos onde brasileiros podiam entrar só com certificado de vacina (podendo ser a Coronavac) e PCR negativo, a maioria dos países da Europa exigiam quarentena.



O guia era muito simpático, mas como todo egipcio quando vê uma ocidental já vai passando uma cantada. Não respeitava nem a Helena, a peruana que estava com o marido. São meio sem noção.
Fizemos várias paradas no caminho para Aswan, para visitar alguns templos. Fomos também no Vale dos Reis, onde estão as tumbas dos Faraós encravadas nas montanhas com longos corredores e belíssimos afrescos nas paredes.



Depois de Luxor seguimos para Aswan, nosso destino final. Visitando o Vale dos Reis e as tumbas dos faraós encravadas nas montanhas com seus corredores e belos afrescos.




O mais interessante até agora foi o passeio, parte de faluca (embarcação a vela típica do Egito) e parte de camelo, até um povoado núbio, com suas casas de tetos abobadados, pintadas de azul e seu povo de pele muito escura e olhos claros.






                                                                                                                                                                                                                                                                                                 A comida do barco era deliciosa, contrariando minha expectativa (normalmente, comida de navio só é um pouco melhor que comida de aviao) e tinha um piscina no convés com uma agua muito fria, contrastando o com o calor de 40o do sul do país.
Na ultima noite tivemos no convés uma noite árabe com muita comida e musica típica.


De volta ao Cairo fui primeiro conhecer as pirâmides imaginando que ficaria impressionada com suas imponências, só que não. Se pensarmos que tem mais de 3mil anos a.c., é fantástico. Mas por outro lado quantos não morreram e quanto não foi gasto, deixando o povo à mingua.
O que me fez pensar em nosso “mito” que cortou verbas de remedios contra o câncer mas gasta rios de dinheiro viajando para fazer campanha política. E que também tem uma estátua sua no lobby do seu palácio.




Viajando pelo sul percebi que quase todas as casas eram inacabada e o guia explicou-me que era para que os filhos quando casarem ficarem morando junto a eles, só então terminando a construçao.
No Cairo vi que a maioria dos prédios também eram inacabados, disseram-me que era também para nao pagarem impostos.
Tambem as ruas e calçadas sao inacabadas e há entulhos por todos os lados. 
As imagens abaixo, que parecem as de uma favela de uma grande metrópoles ou uma cidade bombardeada são, na verdade, do centro da cidade do Cairo, onde muitos predios sao construidos só com tijolos, sem concreto. 
Assistam "Osama" um filme de 2003 que passa-se no Afeganistão onde uma menina veste-se de homem para poder sustentar a família porque mulheres são proibidas de trabalhar, arrumando emprego em uma construção. Mesmo sendo um filme, lembro da angústia que foi ver como eram feitas as construções. 



Estava no cafe da manhã do hotel e, próxima a mim, sentou uma muçulmana. Fiquei aguardando para ver como faria para comer. 



Além do traje social elas tem um modelito para piscina. Eu não ia poder manter meu bronze.


Hoje fui visitar a Cidadela e mesquita de Alabastro, depois o Museu do Cairo, o velho, porque o novo ainda nao abriu visto que terá que ser com toda pompa e circunstância, como foi a transferência de parte do acervo do antigo museu o que hoje não poderia ser feita devido a pandemia.
O melhor foi um delicioso arroz doce que comi no Naguib Mahfouz Coffee, dentro do bazar de Khan el Khalili. N. Mahfouz foi um escritor de romances e roteiros para cinema, agraciado com um nobel de literatura em 1988. Procurei algum livro dele e nao encontrei nenhum on-line com tradução em português.
Na foto abaixo estou com minha guia, Mariam, uma jovem extremamente atenciosa e simpatica.





As fotos abaixo sao do bairro Coopta, de maiora católica. Visitamos uma sinagoga conhecida como Sinagoga El-Geniza ou Sinagoga dos Palestinos, foi construída em 1892 em um lugar onde, acredita-se, Moisés, ainda bebê, foi encontrado dentro de uma cesta pela filha do faraó.

 



Ainda em Aswan recebi a noticia do faleceimento do meu pai, já nos seus 99 anos e na volta para o Cairo começei a preparar minha volta ao Brasil. Precisava cancelar passagens e reservas de hotel na Europa, para onde pretendia seguir depois. E comprar a passagem de volta ao Brasil, alem de agendar o teste RT-PCR para entrar no país.
  
20/09/2021
Ultimo dia no Egito porque amanha embarco para o Brasil, faço conexao em Doha depois em SP e chego em Navegantes no dia seguinte, as 16:50.
Vim direto à Balneario Camboriu, onde mora a família e hoje, finalmente, volto para minha casa em Florianopolis.
A todos que me acompanhariam nesta viagem pelo norte da Africa SHUKRAM  (obrigada em árabe).