sábado, 13 de novembro de 2021

RETOUR À PARIS

02 de dezembro de 2021   

Faltava 15 dias para embarcar para Paris e, depois, para Israel quando recebi a notícia de uma nova variante do Covid-19 chegando à Europa e oriente médio, oriunda da Africa. Bem mais transmissível que as anteriores, poderia fazer com que impusessem a volta de medidas, como uso de máscaras nas ruas e o fechamento de restaurantes e museus.                

Com passagem comprada para Tel Aviv para o dia 15 de dezembro, vejo na TV a notícia que Israel fechará as fronteiras ate dia 12/12. Como tenho passaporte europeu acredito que não terei problema na França já, em um país do oriente médio, corro o risco de exigirem quarentena ou mesmo impedirem a entrada.                                  

PARIS - Depois de muitos anos sem ir a França embarquei dia 08 de dezembro para Paris temendo encontrar muitos imigrantes dormindo nas calçadas mas não encontrei nem mesmo qualquer sinal de crise econômica ou sanitária, causada pela pandemia. 


Apesar do frio de 6 graus e do céu estava cinza, a belíssima decoração de Natal nas fachadas e a  profusão de pinheirinhos nas calçadas, permitia a Paris manter o título de eterna cidade luz.




Quando cheguei só 50% dos franceses usavam mascara na rua, é obrigatória somente em lugares fechados mas, necessário apresentar Certificado de Vacina em bares e restaurantes. Nada que incomodasse ou que já naõ estivesse acostumada. Olhava com inveja a elgancia das parisienses na rua e pensava que somente sendo parisiense para continuar elegante com estas indefectiveis máscara. 


Começei a achar que o casaco que levei estava um pouco démodé e sai para comprar um mantô e um foulard, seguindo a ultima moda em Paris.  


Fiquei num hotel em Odeon, próximo ao Jd de Luxembourg, no Hotel Delavigne, um 3 estrelas simpático, com muitas livrarias e cafés no entorno.









12 de dezembro de 2021
Como não consegui ir para Israel porque continuava com as fronteiras fechadas, depois de dois dias em Paris, viajei para a Normandia e Strasbourg. E voltei dia 26 de dezembro, em Paris fazia menos frio (12o) e uma garoa constante. 
Andando pelo Boulevard Hausssmann entrei na Galeria La Fayette para fotografar a decoração de Natal a pedido da minha amiga Lea e estava lotada. Apesar da nova cêpa do Sars Covid-19, a Omicron aumentando, a vida em Paris continuava normal, com cafés e restarantes cheios - Paris sempre será uma festa. 



16 de dezembro de 2021 
Graças ao savoir faire parisiense nao tinha problema nos restaurantes e lugares fechados. A verificação do Certificado de Vacina era só protocolar. Não sei como seria nos museus porque não fui a nenhum. Cheguei a pensar em ir ao Pompidou, embora já conheça valeria ver de novo, mas a fila para entrar era imensa. 
Encontrei muitos brasileiros nas ruas e um dia, quando entrei num restaurante e percebi que numa mesa havia um grupo de brasileiros, me aproximei deles e fiquei sabendo que do grupo de umas seis pessoas, só um, o mais jovem, morava na Europa, os demais tinham vindo do Brasil. Devia ser filho do casal e a familia tinha ido em peso veio passar as festas com ele. 
Hoje, na classe media, na media alta, dificilmente não há um parente morando no exterior - estudando, fazendo pós ou mesmo, para trabalhar.
Apesar do patriotismo caipira que nos foi incutido durante a ditadura militar, que Bolsonaro tenta retornar, o brasileiro está mais viajado, mais culto. E sem cultura nao mudaremos o país e vamos ficar tendo que explicar “Como pode um sujeito deste na presidencia do Brasil?”

Os franceses estavam preocupados com a Ômicron e voltaram a exigir mascara na rua. Também concelaram os fogos no final do ano. Por isto passei o rèveillon no meu cabaré preferido em St Germain, o Au Trois Maillet. No Trois sao os fregueses que dão canja e nomes importantísssimos já passaram por lá. Ver foto abaixo. 



Nao havia feito reserva porque o governo ameaçava com um lockdown por causa do Ômicron.  Achei melhor nao arriscar. Dia 31 quando cheguei no Trois Mailletz estava lotado mas consegui ficar numa mesa na area externa onde convidei para sentar o pessoal habituée da casa - uma cantora cubana, uma coreografa brasileira, um pianista frances - uma turma divertidíssima. Foi superbe.





Assistia um programa na TV francesa onde cientistas sociais e autores de livros sobre populismo no mundo discutiam o caso da Russia, da Polonia, da Turquia, do Trump, Marine Le Pen e, claro, também de Bolsonaro, considerado por eles o paradigma do atraso e do reacionarismo. E como adoram discutir política estes franceses - fazem uma mesa redonda e debatem, acaloradament, por horas! 
Na TV, ouvi também, que o país tem 5mi de nao vacinados, número considerado alto. Mas, 5mi é menos que 10% da população da França, que é de quase 70mi de habitantes. Bem menos do que no Brasil que tem pouco mais de 20% sem vacina. E não havia uma única farmacia que nao tivesse fila na porta para fazer teste ou vacina ou nas tendas da saude publica.
Depois de 20 dias em Paris finalmente o astro rei se manifestou o que mereceu uma comemoração: ir para o jardim de Luxemburg. 


Como estava no Quartier Latin resolvi, depois, andar até a Place Maubert onde fiquei na primeira vez que vim a Paris. Morei num hostel onde o banheiro ficava no corredor. Eram fuleiro mesmo mas muito simpático e lembro com muita saudade. Nele conheci uma caribenha, muito descolada que me apresentou ao Aux Trois Mailletz. Dividi depois o quarto com uma paulista, esta bem certinha, com quem saia a noite para lanchar. Ela estava em Paris para conhecer os museus porque trabalhava na área.


Na proxima vez que fui a Paris fiquei no Mije, em Marais, mais chic mas nao tao simpatico, tinha uma certa austeridade que combinava com o prédio do séc. XVII, com uma bela fachada coberta de hera.
Meu pé nao melhorou porque nao tem como, nao dá para nao andar muito em Paris. Mesmo com frio e uma garoa persistente, é irresistível não se perder por suas ruas, não ficar flanando pelos becos de Cluny, parar para fotografar uma fachada. 
Entrei na fase em que começo a fotografar as pessoas na rua, placas nos prédios e calçadas que fazem referência à prisões de judeus ou indicam que ali viveu um escritor ou um compositor famoso.



Observem que o toldo dos cafés escondem aquecedores que permitem permanecer em ambiente externo mesmo no inverno.  E o europeu aprecia viver em espaços abertos, frequentar parques, ir nos domingos de sol ao Jd de Luxembourg para ler o jornal. Talvez porque o inverno não é muito rigoroso como os países mais ao norte. 
E é nos espaços públicos onde apredemos noções de cidadania e aprimoramos os valores democráticos, daí porque as cidades devem ser planejada para que as pessoas usem os espaços públicos. Enquanto o europeu vive na rua, a vida do brasileiro é voltada para a casa. Ideia que Sergio Buarque, desenvolve divinamente em “Raizes do Brasil”.

Hoje, dia 1o de janeiro, esta tudo fechado e resolvi ir a Bois de Boulogne conhecer a Fundação Louis Vuitton para conhecer a obra de Frank Gehry, de quem sou fã.
Foi muito dificil enquadrar a foto pois é um prédio totalmente fora do esquadro. A ultima foto, eu peguei do Google (provavelmente feita com um drone) é para que tenham uma ideia do conjunto.



O que mais gosto no arquiteto é que ele coloca suas obras em grandes espaços, com muito verde, nao ficam brigando com o entorno, caso do Centro Pompidou.







Voltando do Bois de Boulogne desci em St Paul na esperança de encontrar aberto um pequeno bistro perto do Mije, um dos raros lugares em Paris onde se podia comer um Coq Au Vin. Como o bistrô estava fechado sentei num cafe na Rue de Rivoli e resolvi comer por ali mesmo.

 
























Nas mesas fora estava mais quentinho e agradável do que dentro. Isto é…estava, até que a fumaça de um cigarro começou a vir em minha direção. Mudei de mesa mas ao lado também havia uma garota fumando. Irritada perguntei ao garcon: “est-ce permis?”. Sim, é permitido, respondeu - como fumam estes franceses pensei
Eram 4 garotas que, ouvindo a reclamação, resolveram todas acender um cigarro! Aha, entao é guerra, pensei e virei para o lado delas e fingi espirrar Atchim!! C'est une allergie  
Depois uma delas tirou uma bota e colocou o pé no colo da amiga à minha frente.
A verdade é com fumaça na cara ou não meu magret de canard estava uma delicia.              !!




Gostei de Odeon, onde estou mas vejo que Marais tem mais vida, é mais charmant. Fui dar uma volta pelo bairro até a Rue des Rosiers, onde morei durante um mês, num B&B. É a rua dos judeus ortodoxos. Foi quando aprendi a distinguir entre a judia que conheci no Mije, que usava calça camuflada  e tinha uma cabeça fantástica e estes caras que vestem preto, usam cachinhos e chapéu de copa alta- os Haredi.  Nas fotos abaixo uma fila em frente a loja de falafel, o que ocorria todos os domingos e apreciava da janela do B&B onde morei, que aparece na foto à direita. 



Para minha sorte o Brasil agora resolveu aceitar o teste de Antígeno com 24h antes do embarque. Caso contrário teria que fazer o RT-PCR dia 01 de janeiro e o recepcionista do hotel havia ligado para todos os laboratórios e todos estariam fechados. O resultado do Antígeno sai em 15mtos e pude fazer no mesmo dia do embarque.
Estou voltando amanhã . Apesar do frio e do pé doendo ja estava começando a me acostumar com a vida em Paris. Aqui é bom com frio…com gente fumando do teu lado…mancando. É bom de qquer jeito. 
       
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18 de dezembro de 2021        

HONFLEUR -  Honfleur é uma cidade de pouco mais de 6mil habitantes na costa da Normandia com uma marina bem no centro e uma arquitetura normanda do séc. XVI très charmant.

Pretendia ir também as praias com as falésias, as praias onde teve o desembarque das forças aliadas na 2a guerra, no famoso Dia D e o Monte St Michel e esperava encontrar uma agencia que fizesse passeios para estes lugares. Infelizmente não havia e acabei não indo. O ideal seria alugar um carro mas não me animei a dirigir.
                                                                                                                                                    Outro senão foi o hotel que era muito ruim, não quiz ficar num de rede e me arrependi, Deveria ter ficado num Ibis. Mas valeu conhecer Honfleur, que amei.
Alem de Baudelaire que, emboraOutro senão foi o hotel que era muito ruim, não quiz ficar num de rede e me arrependi. Deveria ter ficado num Ibis. Mas valeu conhecer Honfleur, que amei. tenha nascido em Paris passou duas longas temporadas em Honfleur enquanto sua mãe aqui viveu. Outro morador importante foi o compositor Erik Satie, precursor do movimento minimalista, amigo de Picasso e Cocteau cuja casa onde nasceu é hoje um museu.
Abaixo a igreja de St Catherine, totalmente em madeira.




Como não podeia faltar havia uma feira de Natal, com banda, vin chaud e castanhas portuguesas. 



                              Abaixo fotos do centro comercial e turístico. 

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22 de dezembro de 2021

STRASBOURG - Em 22 de dezembro fui para Strasbourg, na regiao da Alsácia, quase fronteira com a Alemanha. A cidade de perto de 280mil habitantes é também uma das sedes do Parlamento Europeu, as outras são Bruxelas e Luxembourg. Ao embarcar em Paris, carregando uma mala caí na escada que levava ao andar superior. No dia seguinte meu pé parecia um panetone, de tão inchado. Finalmente acertava na escolha do hotel: cama maravilhosa, quarto quentinho, a ducha não molha todo o banheiro e um café da manhã superbe. Deixo registrado o endereço do Hotel Ibis Strasbourg Centre Gare, que fica na rue du Marie Kuss. Fazia - 6 graus e paro em todas as barraquinhas de Natal para tomar um Vin Chaud para esquentar, creio que vou voltar alcoólatra. Gostaria que nevasse mas parece que vai chover dia 24 e 25. Aquela brincadeira de que compraria uma baguete, um foie gras e uma garrafa de vinho e assistiria a missa do galo na tv só não aconteceu porque descobri que haveria jantar de Natal na Maison Kammerzell. A Maison Kammerzell, o predio mais icônico da cidade, com uma fachada incrível, é hoje um restaurante e fica ao lado da catedral de Strasbourg, tem uma das fachadas mais bonita que já conheci. Possui no interior um relógio astronômico provocando fora uma enorme fila de turistas para conhece-lo pois devido a pandemina as visitas são limitadas.

Dia 24 fui comemorar o Natal na Maison Karmenell e comi um fillè com foie gras divine. 

No dia seguinte, apesar da garoa intermitente, fui visitar a regiao dos canais, onde fica o Square Moulins, o Louise-Weiss e as Ponts Couverts - com forte influencia germânica na arquitetura.


Segundo a Wikipedia, a Alsácia-Lorena foi um território de população germânica, tomado por Luís XIV da França depois da Paz de Vestfália em 1648, mas devolvido pela França à Alemanha recém-unificada, conforme o Tratado de Frankfurt (10 de maio de 1871), que encerrou a Guerra Franco-Prussiana, e em seguida retomado pela França após a Primeira Guerra Mundial, nos termos do Tratado de Versalhes, de 1919. Foi anexado pelo Terceiro Reich alemão em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, e retomado pela França em 1945.
Para decepção de uma amiga a cidade não me causou aquela epifania. Fora a catedral, a casa Kamenell e alguns prédios enxaimel a arquitetura monótona. Claro que se fosse primavera possívelmente a impressão seria outra. Mas a decoração de Natal é as vezes um tanto kitsch.
 




Vi muitas imigrantes e também alguns moradores de rua. Acredito que seja o motivo de um policiamento ostensivo - em cada quadra encontrava um grupo de 3 policiais com metralhadoras.  



Ontem, quando entrei no Museu Œuvre Notre Dame, me pediram o Certificado de Vacina - como sempre acontece - mas, pela primeira vez não aceitaram, a desculpa foi porque nao era europeu. Minha primeira reação: quanta arrogância destes franceses!
Mas, já vinha percebendo, desde minha chegada na França, que todos tinham dificuldade em fazer a leitura do QRCod. Em Paris bastava mostrar no documento as 3 vacinas - apontando para a Pfizer - para que respondessem “ce bien”.
Na Normandia comecei a sentir que vacilavam mas, acabava também em “ce bien”. E hoje quando entrei num pequeno bistro e perguntei se tinha vinho quente, um vin chaud, o dono me pediu o certificado e como nao conseguiu ler o QRCod, tive que dar meia volta.
Confesso que comecei a ficar intrigada com o que estava acontecendo e, chegando ao hotel passei a falar com todas as amigas que viajaram ou pretendem viajar para a Europa.
Conclusão: como o governo foi obrigado a aceitar a portaria exigindo Certificado de Vacina para entrar no país, resolveu sabotar o sistema ConectSus e desde o dia, 10 de dezembro o certificado está fora do ar. No QRCod só aparece a criptografia.
O que só vem a mostrar, mais uma vez, o quanto este governo é insano, desequilibrado e perverso. Amanhã embarco num trem para Paris e tenho que apresentar o Certificado.

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