domingo, 3 de janeiro de 2021

SALVADOR, BAHIA

(Texto necessitando de reconfiguração) 

Depois de muito procurar um lugar para passar o reveillon de 2021, de ter pensando no Mexico e concluido que não era a melhor época do ano, pois seria inverno; de ter  pensado na Africa do Sul e descoberto que o país estava fechado para brasileiros; na Patagônia, que também estava fechada só me restou Salvador, onde tinha estado em fevereiro e tinha amado. 

Fiquei em um hotel no Pelourinho, no Terreiro de São Francisco, ao lado da igreja e mosteiro do mesmo nome, pertendente ao Roteiro do Charme. Fica num prédio histórico, do ano de 1680, muito charmoso e com excelente atendimento. O unico senão foi o café da manhã que era para ser muito bom, cf anunciavam no Booking mas, o que pode ser debitado à pandemia, eles apresentavam uma lista onde você escolhia alguns ítins, com poucas opções. 

Em frente ao hotel ficava o café de um frances muito simpático, com sorvete de cupuaçu, jaca, graviola, todos deliciosos. 


Não há muitos turistas na cidade e tem pouquissimo estrangeiros. No hotel deparei-me com 2 francesas e uma alemã mas são poucos, comparando à fevereiro quando estive aqui, na pré-pandemia. Apesar da calmaria das ruas do Pelourinho ontem a noite tinha um bailinho em frente ao hotel. Estava muito cansada, depois de subir e descer as ladeiras do Peloutinho, mas o ritmo contagiante da Bahia são irrestivível e ainda fique por ali um bom tempo, feliz por ter vindo para esta terra maravilhosa, alegre, alta astral. 


A cidade é super bem cuidada e segura. No Pelourinho encontramos, em cada quadra ao menos 2 policiais, que estão ali para a segurança mas também para dar informações ao turista. 


Hoje tentei almoçar no restaurante do SESC e desisti porque havia aglomeração na fila do bufe. Acabei comendo um acarajé em frente a Casa do Jorge Amado, que estava fechada por causa da pandemia. Tenho que confessar que o  Acarajé foi parar numa lata de lixo. Acarajé e vatapé não são as minhas iguárias preferida na Bahia, amo mesmo moqueca mas até agora não comi nenhuma. Dentro da Casa do Jorge Amado tem um café onde vendem doces típicos baianos. Lamentei porque gostaria de levar de presente umas cocadas e chocolate, estes de excelente qualidade. 

Teve uma baiana que disse que sou filha de Iansã e fui pesquisar. Descobri que é a divindade do fogo, como xangô. São pessoas com magnetismo pessoal forte,      carismáticas e atraem o olhar por onde vão e eles adoram essa atenção toda ao seu redor, pois gostam de ser paparicados e elogiados. Acho que essa sou eu,      sem dúvida rsrsrs!     


Em seguida andei até o Largo do Carmo e no caminho encontrei a casa de Castro Alves, em estado de total abandono. 




Hoje fui  a Itaparica e peguei um transporte coletivo, uma barca que eles chamam de lancha, mais interessante do que uma escuna cheia de turistas, com música alta e uma guia berrado, tentando ser ouvida.



 

Chegando em Mar Grande peguei um taxi para a cidade histórica de Itaparica. Fui primeiro em um restaurante, o Àguas Marinhas, dentro da marinha e de frente para o mar. O lugar era simples mas o risoto de camarão estava maravilhoso.


Depois segui até a casa do João Ubaldo Ribeiro. A sensação era a de estar no Caribe, pela cor do mar, pela cor da pele dos moradores e pela simplicidade das casas da vila. Lembrei de uma ilha onde comi uma salada de lagosta maravilhosa na ilha de Bimini. Em frente a casa do escritor havia uma mangeira enorme, magestosa,  imponente.


 

Vim à Bahia sonhando comprar uma foto de Pierre Vérger e peguei um Uber para ir até a Fundação, que fica na periferia mas, tanto trabalho resultou frustrante pois a foto mais barata custava 760U$, ou seja, mais de 4 mil. Também o cocar índio que queria comprar custava mais de 5 mil reais. Ò gente, sou baiana (e quando estou no Rio sou carioca), não sou gringa! Não dá nosso PIB caiu, o IDH baixou 5 pontos e eles querem cobrar em dólar!

Frustrações compensada com a visita, depois, a catedral da Sé que data de 1657 com sua bela ornamentação maneirista e barroca, com muito ouro. Da época em que a igreja cobrava em ouro pelos pecados da burguesia. A mim que não tenho ouro nem dólar...nem pecar contra a luxuria (ou o consumismo) posso.


Ao lado da Sé ficava a primeira faculdade de  medicina do país, criada por D. João VI em 1808. Assim como a casa de Castro Alves, também esta em estado de total abandono. A biblioteca que poderia ser tão famosa quanto é a de Coimbra hoje, mas vejam o estado!



Depois de um dia cheio de contratempos, finalmente acertei indo a noite ao Cafélier, o café mais descolado da cidade, no Largo do Carmo, famoso pelo belo visual para a Baía de Todos os Santos. O camarão com tapioca que comi fez valer a pena subir pela 2a vez a Ladeira do Carmo. Meus pés doem mas dormirei feliz. E olhem o charme do  gatos na entrada do café.






Proximo ao Cafélier fica o restaurante Poró. Um restaurante simples mas que não perde para um Amado ou um Mistura Contorno, este último caro e decepcionante. 

Decidida a passar o dia na praia fui ao Rio Vermelho, no Blue Praia Bar, um beach club na Praia do Buraco. No mesmo bairro ficava o restaurante Casa de Tereza, onde fui para comer uma muqueca mas acabei optando por um risoto de frutos do mar porque é o Prato da Boa Lembrança. Faço coleção dos pratos (para quem não conhece, o pedido dá direito a um prato de cerâmica com o nome do restaurante, que pertencente à Confraria da Boa Lembrança). 

Nilce, uma amiga a quem fiz uma crítica quando foi a Portugal, de que só falava em comida no seu blog, quero fazer um mea culpa porque  estou fazendo o mesmo. Mas não poderia ser diferente, não aqui na Bahia, que nos remete à cocada, azeite de dendê e acarajé.
Lembrar também da praça Jemaa al-Fna e seu mercado, em Marrakesch, onde o calor mistura-se ao cheiros das especiarias e a culinária é indissocialvel da cultura. 

Seguia hoje para o museu do carnaval enquanto pensava que precisaram criar um museu para lembrar como da autêntica festa monesca, muito diferente dos atuais Trios Elétricos. Festa que ainda enecontramos em Recife e mesmo no Rio de Janeiro - não falo do espetáculo na Marques de Sapucaí, mas dos blocos de rua.


Depois fui à praia na Barra. Estava fechada com tapumes para impedir que amanhã, durante o réveillon, a população tenha acesso ao mar para levar suas oferendas à Iemanjá. Ingressava-se por um unico local que era controlado pela polícia, onde exigiam que entrássemos  com máscara, embora na areia pudessemos ficar sem.

 Falando em réveillon, o show que estava programado para o Forte foi cancelado e, no hotel disseram que haveria fogos de artifício, mas não consegui confirmar. Tentei fazer uma reserva para jantar mas todos os restaurantes que liguei disseram que iriam fechar no dia. A verdade é que não me incomodarei de ficar no hotel, já me sinto compensada pelos lugares, passeios e restaurantes que conheci. E podemos ficar em casa para conter esse vírus terrível e podermos estarmos todos aqui para curtir o próximo. Por ora, só nos resta colocar sal nos cantos do quarto, um galho de Arruda atrás da orelha e quanto a mim, também darei 3 nós na minha fita do senhor do Bomfim 

Acabei descobrindo que ia ter fogos em frente ao Elevador Jorge Lacerda, fui até lá, conseguindo entrar na ala da imprensa e assisstindo aos fogos bem de perto. Pode ser meio infantil, mas sempre me emociono com o espetáculo.  






 
Nas fotos abaixo a bela decoração de natal do centro histórico.




Salvador é, a primeira vista, uma cidade caótica. Começando pelo traçado irregular das suas ruas, lembrando as cidades medievais, o que os urbanistas chamam de caminho dos burros. E o centro parece uma grande feira livre, cheio de barracas de camelôs invadindo as calçadas e praças, com gente se esbarrando, num vai e vem constante.
Além dos cheiros, Salvador é tambem, a cidade dos sons, além dos atabaques que estão por todos os lados, há também, no centro, os carros que passam fazendo propaganda. E, se você pegar um Uber ainda tem grande chance do motorista ligar o rádio bem alto.
Mas, o que parece caos é na verdade excesso, porque tudo aqui é muito intenso: os sons, cheiros e as cores. O que talvez seja o que torna esta cidade tão sedutora.