segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

LISBOA POIS POIS

 Na ida para o Marrocos fiquei em um hotel no Parque Eduardo VI. Mas como não tem nada perto a não ser mais hoteis para turistas, na volta resolvi ficar na Baixa porque aqui  tem vida, as melhores padarias,  lojas e também museus e teatros. É o coração da cidade.
Como é vespera de natal,  o movimento nas ruas é intenso e as lojas ficam abertas até as 8 da noite. Ha tambem musicos nas calcadas, e muita decoraçao de natalina, desmentindo o que falei no ano passado, que eles nao eram muito de enfeitar as ruas e as vitrines. Pois, pois,  o centro esta lindamente decorado. Vai ver foi a crise.

Estou no My Story Hotel Rossio, que fica na Praça Dom Pedro IV, bem ao lado do Teatro Nacional D.Maria II e proximo a Restauradores, com sua estaçao de trem linda, em estilo mourisco ou, segundo o meu guia PubliFolha, em estilo neomanuelino.
vista da janela do hotel para a Praça Pedro IV, com o Castelo ao fundo

Estaçao Central do Rossio, na Praça Restauradores

                                                                           Rua Aurea

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Praça Dom Pedro IV

Hoje fui  a Conservatoria de Registros Gerais para saber do cartao cidadão (o mesmo que a nossa C.I.) da minha mãe que esta atrasado. Soube que deve chegar até meados de janeiro, quando,  então poderei dar entrada no meu pedido de cidadania portuguesa. Creio que darei entrada aqui em Lisboa porque deve ser mais rapido. Cada vez amo mais a cidade e venho pensando em morar aqui. Não só é uma cidade muito agradável e, como fiquei sabendo pela Ana, portuguesa que foi comigo para o Sahara, tem também uma vida cultural intensa. E, melhor ainda, fica perto de Barcelona e Paris. Passar um final de semana em Paris deve ser o mesmo que passar o final de semana em Curitiba.




Rua do Sapateiro onde descobri um excelente restaurante onde comi o melhor bacalhau com nata, chama-se o  "A Licorista"



Na Rua Augusta comi bolinhos de bacalhau com queijo da serra, acompanhado de vinho do porto - divinos - e depois, de sobremesa, Castanhas d'ovo - que amei - na pastelaria em frente.  Ao meio-dia ja havia tomado uma sopa de feijao branco maravilhosa na Padaria Portuguesa, na rua Áurea. Dicas que ficarão para  próxima vinda a Lisboa.

O famoso bondinho e ao fundo,  no alto, o castelo iluminado.


Ontem, felizmente, consegui resolver tudo: ir a Conservatotia e a agencia de viagem Rotas do Vento, com quem fui ao Marrocos, para receber um dinheiro de volta. Felizmente, porque hoje aqui é feriado, dia de Nossa Senhora Aparecida, e porque amanhã já retorno ao Brasil.
 Pensei em ir a Sintra mas, como tenho que levantar  as 3:00 da madrugada para embarcar as 6:00 vou ficar por aqui mesmo. Adoro  Baixa e o Chiado e nada como ficar flanando pela cidade.

Edifício Éden, antigo cinema, em estlo Art Nouveau.

Obelisco na Praça dos Restauradores comemora a independencia da Espanha em 1640.

Início da Avenida da Liberdade.


Aqui come-se um pastel de nata tao bom quanto o do Convento.

Praça Camões

Museu arqueologico do Carmo.

Cenarios urbanos.

PARA TIA FÁTMA: Encontrei  este presépio em tamanho natural e parei curiosa. Estava sendo feita uma colcha de retalhos com mensagens deixadas pelas pessoas que circulavam pelo local. Pedi um pedacinho de pano e deixei meu recado:
 "Deus todo poderoso proteja nossos irmãos portugueses, mas tambem o Brasil, livrando-nos do Lula, da Dilma e de todo mal, Amém."
Depois ganhei uma lembrancinhas abençoada pelo papa. Como sou ateia,  darei de presente a minha tia Maria de Fatima porque, alem de cidadã portuguesa é também católica.


Elevador de Santa Justa.


PARA O PAULO: Decadente não é frequentar Balneário Camboriú ou namorar a ex-colega de escola mas, ver a vida passar sentado no sofá da sala. Também o problema nao é ficarmos velho porque, ninguém escapa de ficar velho, a nao ser que morra cedo. Nem mesmo escapamos de estarmos num dia mais feios, em outro mais bonitos. O que sei é que não tenho tempo para sofrer com estas  coisas, tenho que ir a restaurantes, viajar, conhecer coisas novas, me renovar. Enfim, viver intensamente, o que um curitiboca como você não sabe ou nao consegue.

domingo, 29 de novembro de 2015

MARRAKESCH

(LER ANTES "MARROCOS PROFUNDO")

Cheguei hoje no Riad Goloboy e, aliviada, constatei que corresponde ao que está  na Internet, é très charman. Depois de dormir uma semana numa barraca, estou me sentindo uma princesa das Mil e Uma Noites. Embora ele fique num beco, como quase todos os riads. Ou, mais do que num beco, fica num labirinto tão complicado que tive que decorar: "primeiro dobra à D, depois à E, mais 3 vezes à E e depois novamente à D - isso só  para sair do beco e chegar à rua.

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Para Vania e Nilce: olhem onde esta o fofo do coelhinho. Vou pedir para trocarem com a escultura que esta ao lado da minha porta, pois levo um susto cada vez que dou de cara aquele enorme lagarto vermelho.
Troquei o bichinho de posição, agora ele fica de costa para a minha porta. Vai ficar de castigo!
Mas é tudo de muito bom gosto. A propritaria é uma francesa, design de interior, que mora em Paris. Quem cuida sao 3 rapazes, mais uma cozinheira e uma faxineira. Todos muito simpaticos.


vista do terraço para a torre da medina chamada por eles de Koutoubia.



A tarde fui a praça Djmaa el-Fna e na volta me perdi. Nao foi facil achar o caminho de volta, nao há nome nas ruas e nenhum guarda sabia informar. Comecou a escurecer e fiquei preocupada porque ainda tinha que passar pelo beco para chegar ao riad. Mas quando cheguei no beco e vi que ainda haviam pessoas transitando no local, fiquei mais tranquila.
 Já,  na el-Fna, nao me perdi; tem alguma sinalização, nao muita, mas tem e é só perguntar que eles indicam a saída. Há  muita coisa linda para se comprar nos souks, porém decidi não arriscar perguntando os preços para nao ser assediada novamente. Deixarei estas compras para o final da viagem.

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Souks dentro da Djma el-Fnaa


Hoje fui a Geliz, na regiao da Ville Nouvelle, a parte moderna da cidade, onde estão as lojas como Zara, Gap, Acessoryse, shoppings e cafes. Precisava comprar uma calça (estou com uma mala de roupa suja e não há lavanderia self service) e trocar a culinaria local por um sandwich no Mac Donald e  um chocolate quente na Starbucks. (salva pelo capitalismo!). Ainda não estou recuperada  de uma leve diarreia causada pelo abuso dos temperos nos pratos tradicionais deles, como o tajine, que nao permite que se sinta o gosto dos demais ingredientes.

Guéliz
Depois de Geliz fui ao Jardin Majorelle, de Yves Saint-Laurent. Lindo!
Jardin Majorelle




Infelizmente nao pude tirar fotos do museu Berbère, que é belíssimo, nao só o acervo de roupas e joias mas tambem há uma sala belíssima, onde é simulado o céu do Sahara (que nao pude ver quando estive lá  porque a lua cheia ofuscava as estrelas). Já, a loja me deixou numa frustração enorme porque os preços são de haut-couture, tudo muito YSL, tudo divino e caro. No café também os preços não eram nada prêt-à-porter.



Mas Marrakesch é mesmo cheia de contrastes: tem a bonita e limpa Geliz e a suja e caótica Medina. Tambem no povo encontramos grandes diferenças e hoje tive uma prova: quando saia do Jardim Majorelle parei num camelô para comprar uns souveniers. Na hora de pagar, ao inves de dar 100 Dihans ao vendedor dei 100 U$ (que corresponde a 1.000 Dhs) e ele me alertou  para o erro. Depois, ali mesmo, peguei um taxi para retornar ao riad e o motorista insistiu em me levar a um outro local onde havia uma festa, não cobraria mais nada (é costume acertar o preço da corrida antes). Precisei repetir diversas vezes, com firmesa!!!, que nao podia me atrasar, que meu marido estava a minha espera no hotel. Antes, ja havia feito varias perguntas, se viajava só, se era casada... Disse que viajava com o marido, com os filhos nao,  porque ja eram grandes.
Diria que há duas Marrakech, uma que vive na idade média e outra moderna, convivendo lado a lado.


O cafe da manha no riad é muto saboroso e servem sempre Romã que, junto com o figo e a Tamara sao, para mim, as frutas mais saborosas que existem.
Tenho voltado para o hotel as quatro da tarde porque as cinco horas começa o rush e é aquele caos. Nao ha sinaleira e os motoristas não param para voce passar. Pas de organizacion, nao existe "mão direita e mão esquerda"; é bagunça total, um salve-se quem puder!
No deserto dormia as 19:00 e aqui esta sendo quase igual. Mesmo porque depois das cinco esfria bastante. Reclamei do aquecimento e quando cheguei  hoje, já estava ligado. Antes, só ligavam a noite, o que não resolve muito porque demora para esquentar o quarto.

                                                         Não parece nossas favelas?
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Desconfio que o pao que servem no café da manhã vem desta banquinha aqui na rua.

Mesquita e minarete Koutoubia


                                                                        fotografando moda
lã de camelo usada na confecção de tapetes.

Bab Agnaou
Hoje fui ao Palais el-Badi e ao Palais el-Bahia. As fotos acima foram feitas no caminho.
Palais el-Badi



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                                                              ninho de cegonhas

O Palais el-Badi foi construido no seculo 16 pelo sultao Ahmed el-Mansur com marmores e mosaicos com folhas de ouro. Um seculo depois, destruido por Moulay Ismail, que nao sei quem é, talvez algum político da esquerda. Como veem a pilhagem sempre existiu, nao foi inventada pelo PT, só aprimorada.
O outro palacio, o el-Bahia, que quer dizer "resplendor" foi construido no sec. 19 pelo Vizir Bou Ahmed, onde viveu com 4 esposas e 24 concubinas. Este esta bem conservado.

Palais el-Bahia








Après, j'ai repose on mon palais.  Amanhã pretendo ir a Medersa Ben Youssef, hoje desativada, e ao museu Marrakech. Quinta estou programando fazer compras na el-Fna e na sexta começa o Festival Internacional de Cinema.


No caminho para a praça el Fnaa encontrei estes vendedores de água.


Para ir ao museu Marrakech é preciso passar por dentro de uma Souk da praça el Fnaa. Na entrada do Souk ha um santuário em homenagem ao monarca Mohamed VI e a sua família.


Oarece nossos museus, não?





                                                Passagem para a madrasa Ben Youssef





Fotos para revista de moda

                                              Por 10 dihans ela aceitou tirar uma foto.

                                                           A volta para a praça el Fnaa. Assustador.
                                                         musicos na praça el Fnaa.

Sinto que cheguei ao limite da exaustão. No final da tarde fui lanchar em Géliz para fugir do estress da Medina e amanhã pretendo sair só a tarde, para fazer compras no Centro de Artesanato, que é bem mais organizado que os souks.
Nao encontrei tudo o queria no Centro e tive que ir a praça Djmaa el-Fna. Fazer compras nos souks da el-Fna é uma experência única porque você nunca  mais vai querer repetir, tal é a pressao dos vendedores sobre você.
Pela primeira vez encontrei um brasileiro e novamente sao do programa "Estudantes sem fronteiras" da Dilma. A ultima vez foi em Praga. Estes  estudam na Irlanda. Mas sera que estudam mesmo?


Hoje começa o Festival de Cinema e pretendo ir a abertura no Palais de Congrés. Se nao puder entrar ao menos conhecerei outra parte da cidade, Hivernage, onde ficam os hoteis de luxo e o cassino.
O local do evento é muito bonito e a produção é  grandiosa. Mas não vi grandes nomes do cinema, com excessao de Abbas Kiarostami, que é um dos homenageados.

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Festival de Cinema na Praça el-Fnaa



A noite a praça el-Fnaa é uma festa.  Todo mundo vem para cá para comer e tudo parece muito gostoso, mas nao quiz arriscar, ainda estou me recuperando.
Hoje retornei a Hivernage, para tirar umas fotos. É o bairro classe A. onde estao os hoteis de luxo, o Sofitel, o Meredian e o top, o El Mamunia, ao lado do Cassino com o mesmo nome. As avenidas sao largas e ajardinadas. Um dos locais mais bonitos é o calçadao, com uma ciclovia, que acompanha o muro. Pensava em alugar uma bicicleta e fazer este passeio, mas minhas condições físicas não permitiram.






Domingo de manha volto a Lisboa, ufa!! Depois ao Brasil, para festejar a saída da nossa presidanta. 🛬

REFLEXÕES: É só atravessar o Estreito de Gibraltar que estamos na Europa. Mas, embora geograficamente proximos, os 2 continentes - Africa e Europa - estão à leguas de distancia, culturalmente.  E, se somarmos o continente africano, à parte do oriente médio e parte da Asia, veremos que 2/3 da humanidade não alcançou o século XXI. Alguns, como os Marroquinos, ainda tem um pé na idade média.
É muito triste pensar que há tantas diferenças - que algumas pessoas vivem em um mundo tão limitado, tão resumido enquanto que outras tem tudo, ou quase tudo.
Mas, o mais grave é que estas diferenças geram conflitos e rancores. Quando o papa fala em acabar com o ódio entre cristãos e muçulmanos ele incorre numa inverdade, porque o ódio não parte de ambos os lados - o ódio é dos muçulmanos em relação aqueles que chamam de infiéis, cristãos incluidos.
Certamente porque estes tem o que eles não podem ter, que é  conforto material, liberdade e o direito de  decidir a propria vida, visto que sao escravos da religião. E o poder absoluto dos homens sobre as mulheres, parece ser seu unico gozo. À estas é negado tudo: como ser dona do proprio corpo e dos próprios desejos. Mas, principalmente, aos homens e mulheres  lhes é negado o direito de sonhar e ter esperança de uma vida melhor.
Tenho pena dos muçulmanos, não ódio e, como Infiel que sou, gostaria que seu mundo fosse outro, não este das madrasas, do Corão e das burcas - verdadeiras prisões - que levam a que odeiem todos aqueles que estão fora delas.