terça-feira, 26 de dezembro de 2017

POSFÁCIO

LISBON REVISITED (1923)

                                                     Poema deAlvaro de Campos



(...)
 Se eu fosse outra pessoa,
fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho
para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não peguem pelo braço!
Não gosto que me peguem 
no braço! Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!

Ah, que maçada quererem
que eu seja de companhia!
Ó céu azul - o mesmo da minha infância -,
Eterna verdade vazia e  
perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e 
mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa 
de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me 
tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não 
tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar 

*


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