terça-feira, 26 de dezembro de 2017

IV - LISBOA

VOLTA A LISBOA
Coloquei uma moedinha de 50 cents e subi na balança. "Oh, my god, engordei" exclamei com tristeza. "Como posso não ter emagrecido com tantas andanças por estas ladeiras, com tanto sobe e desce nas estações de metro? Como posso ter engordado?" Pensei. A culpa só pode ser dos doces portugueses, que são irresistíveis como todos sabem. 
Foram as passadas na Mantegueria da Praça Camões para comer, não um mas, três pastéis de Belém - não dá para comer só um, sorry! E ainda os sorvetes, irrecusáveis também nestes dias de calor infernal - 45 graus à sombra. E, como não passar na Praça do Comércio para tomar aquele sorvete de figos?
Não tinha sorvete melhor que aquele e uso o verbo no passado porque, segundo o garçom, não terá mais, foi interrompido o fornecimento. 😭 Menos mal, porque daqui pra frente, tentarei entrar em uma dieta de água e uma algumas folhinhas de alface...rsrsrs. 

Semana passada li no jornal local que os brasileiros lideram o ranking de imigração, fora da UE, em seguida vem os cabo verdense. 
Tem me chamado a atenção o número de imigrantes da África que encontro nos metrôs e nas ruas do centro - são trabalhadores, estudantes - alegres, educados e bem vestidos. E dão um colorido bonito a paisagem. Viva a diversidade!
Entre os turistas, a maioria é de espanhóis e franceses, depois vem os ingleses e alemães. Os brasileiros vem em quinto lugar.  

Conversando com uma portuguesa, a dona da mercearia, percebi que ela usava muito a expressão "nós, os brancos". E o jornal de hoje traz uma estatística com a mesma divisão entre os brancos e outras etnias, como a asiática, etc. O que não está incorreta, pois brancos são os eurodescendentes ou caucasianos, mas não a usamos desta forma, daí o meu estranhamento. Se você usa a expressão "branco", acho que tem que dizer também, amarelo, pardo, etc. 
Minha xará angolana diz que sofre muita discriminação. Para Anna, a italiana, e a Célia, minha amiga da Suécia, que já morou aqui em Lisboa, os portugueses são muito racistas. Acho bom eu não pegar muito sol ou começar a usar bloqueador solar!  


ARRAIAL EM ALFAMA
Hoje o dia amanheceu nublado. Queria ir a Alfama mas a noite não estava das mais bonitas - o visual lá de cima é muito bonito porém o céu precisa estar limpo e estrelado. Mas, como era o último dia para ir ao Arraial, fui assim mesmo.   
Dizem que Portugal não é Portugal sem os santos e as festas populares. E Alfama tem as melhores, o de Santo Antonio e o de São João, este no dia 24 de junho.
Encontrei o bairro todo decorado com bandeirinhas coloridas, balões, tudo muito colorido, baile no meio da rua e muita música portuguesa, além de fogos de artifício e – o melhor de tudo – as famosas sardinhas na brasa.

Para subir Alfama só indo de táxi, tuk tuk ou bondinho. Optei pelo bondinho, que aqui chamam de elétrico pois, este último além de ser mais barato é mais simpático, como veem na foto abaixo. 


Abaixo o famoso tuk tuk.

Arrisquei experimentar um autêntico chouriço mas, não é, nem de longe, parecido com o do Madero, ou mesmo os da praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis. Depois, ainda, comi um arroz doce, este sim delicioso. A dieta? Pois pois...esta já ficou para segunda-feira.



O gesto é porque mostro que estou vestida a caráter. Uma caipira fashion, segundo o Beto, respondendo a um whatsApp que enviei.


Infelizmente o céu estava um breu e só dava para ver, no alto, o castelo de São Jorge iluminado e, mais abaixo, a ponte.



24/06/2018
O CÉU DE LISBOA
Cheguei dia 01 deste mês de junho e, somente dia 17 à noite deu uma chuva, de uma hora e meia, com raios que provocaram o incêndio na região de Coimbra e que durou quase uma semana, matando 64 pessoas. Teve como causa a falta de chuvas, o reflorestamento com pinus elliottii e os ventos que ajudaram a espalharam o fogo. 
Apesar da tragédia no centro do país, não posso deixar de achar maravilhoso olhar todo dia para este céu azul, sem uma nuvem - venho de um país sub-tropical, onde chove dia sim e no outro também. 

Foi somente neste ultimo sábado, dia 24, que o tempo mudou e, desde então tem estado nublado, com leves chuviscos durante o dia. Espero, no entanto, que não dure muito e o sol reapareça para poder sentar no Cais de Sodré tomando um sorvete e admirando este céu que só existe aqui em Lisboa, que torna esta cidade tão mágica. Também não canso de admirar o Tejo, rio que ao tingir suas água de azul, finge-se de mar.    


Hoje, dia 27 de junho, fui ao The Insólito, um rooftop no topo do The Independente Hostel & Suítes, no Bairro Alto, um dos must go do momento segundo a lista enviada pelo Beto. Fui fazer um happy hours e constatei que o visual de lá é realmente muito giro.






OCEANÁRIO
A ponte Vasco da Gama é a maior da Europa, possui 17,3 km de comprimento, e é a 9a maior do mundo. Liga Montijo e Lisboa à Alcochete e Sacavém. 
A Öresund, que achei que era a maior de todas, não está nem entre as 10 maiores. Passei pela  Öresund quando fui de trem da Dinamarca para a Suécia.


Na foto abaixo, o Oceanário, bela obra de um arquiteto americano, Peter Chermayeff. Contem uma extensa coleção de espécies de peixes, aves, mamíferos e plantas do Atlântico Norte, Pacífico e Índico. Foi construído para a exposição mundial do século XX, assim como toda a área do Parque das Nações. É a parte moderna de Lisboa e fica distante do centro, já perto do aeroporto. 
No Parque das Nações esta também a Gare do Oriente, uma obra do Santiago Calatrava, de quem não sou muito fã mas que é o mesmo arquiteto espanhol que fez o Museu do Futuro no RJ.
Passei a tarde no Oceanário, foi fantástico e muito relaxante. 















Abaixo o pinguim se exibe para os turistas, fazendo piruetas debaixo d'água.




CENAS URBANAS E OUTRO BAR MUITO GIRO
Dom Sebastião voltou? Não...É só um grupo de pessoas divulgando o Festival de Almada, que inicia neste final de semana.



Na foto abaixo uma cena multicultural das ruas de Lisboa. Angolanos ou Cabo verdianos, não sei.


Abaixo, fotos do Bar Palácio Chiado, um dos mais bonitos de Lisboa. Possui 5 ambientes, todos muito giro. O melhor é que não é caro. Paguei 16,90 euros, incluindo taxa, por uma porção de bolinhos de bacalhau e uma Margarita (e teria direito a mais uma margarita). 






A IMAGEM QUE O BRASIL VENDE PARA O MUNDO
O comentário mais frequente, quando digo que sou brasileira, é que o Brasil é um país muito bonito mas que, infelizmente, tem muita corrupção e violência. 
Outro dia conversava com a garota enquanto fazia hora para um passeio de barco e ela me disse que fazia psicologia e que no ano que vem iria ao Brasil fazer um trabalho com crianças carentes. Contou, também, que a família e os amigos estavam muito preocupados, achavam que ela não voltaria viva, que não poderia sair sozinha na rua e outros absurdos.

O que é lamentável é que são os próprios brasileiros que vendem esta imagem de violência que é também explorada pela mídia, que busca vender audiência. E, pior, é um dos assuntos preferidos da classe média que gosta de se colocar como vítimas desta violência, num comportamento que Freud chama de "denegação".

Explico: somente as classe média e alta tem este discurso e o mesmo não se ouve na classe pobre, sendo que é ela a maior vítima da violência. Se existem balas perdidas é dentro das favelas, assim como assaltos e roubos são muito mais frequentes nos bairros mais carentes, onde não há segurança. É também nas ruas de comércio popular onde há mais roubos, assim como é dentro dos ônibus onde ocorrem com mais frequência os assaltos.
Estatisticamente, para cada pessoa da classe média ou alta vítima de violência, temos 13 pobres que são roubados, assaltados ou mesmo mortos por bandidos.

O europeu, ao comentar que no Brasil há muita violência, deixa de reconhecer que na Europa ela também existe. Uma amiga brasileira que mora na Suécia contou-me que sempre que vai sair de férias precisa deixar alguém cuidando do seu apartamento porque, por duas vezes fizeram uma "limpa" nele. 
Surpresa, exclamei: "mas na Suécia?!" Ocorre que na Europa, com esta multidão de imigrantes, onde muitos não conseguem emprego, acabam na delinquência.
Em Paris Existem bairros que são muito mais violentos do que as favelas do Rio. Assim como em Lisboa também tem favelas que são igualmente violentas como pude ver em uma matéria na TV sobre a prisão de um traficante.
Mas é muito raro ver estas notícias nas TVs ou nos jornais. É como se não existissem. Ao contrário da mídia do Brasil, da TV, principalmente, que explora a exaustão este tipo de noticia.

NOTA: não entendi porque a turista espanhola morta por uma bala perdida foi visitar uma favela no RJ, quando poderia ter ido no seu país visto que Madri possui a maior da Europa, a Cañada Real Galiana.



Voltando a garota que vai para o Brasil, expliquei a ela que em locais mais carentes, onde tem muita gente desocupada, muita droga, haverá sim a probabilidade dela sofrer um atentado mas, que não era algo generalizado. Ou mesmo, se ela andar em Copacabana vestida de turista também poderá ser roubada. 
Contei que ando só no RJ e jamais, lá ou em qualquer outro lugar - e ando sempre só - fui assaltada ou roubada. E, que o RJ está em 16o lugar no índice de violência, atrás do Amapá, ou seja, da região norte e nordeste. Nem o Brasil é o país da America do Sul mais violento. Antes estão a Venezuela, Honduras, Guatemala e México. 

Incomoda-me que sejam os próprios brasileiros que vendem esta imagem do país. Que seja a classe media que, ao não assumir sua culpa em relação a população carente e, por um ato de denegação (mecanismo de defesa que leva o indivíduo a negar um fato, invertendo-o) coloque-se na posição de vítima, quando as maiores vítimas estão na classe pobre. 

Há, ainda o sujeito que fecha rapidamente a janela do carro quando aproxima-se uma criança carente, vendendo bala ou pedindo um dinheiro. Praticando um ato de extrema violência contra uma criança em situação de vulnerabilidade social.         


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