domingo, 14 de julho de 2019

DUBLIN

13 de julho de 2019
Cheguei ontem no meio da tarde em Dublin com sol, o que deixou-me mais animada. Também a cidade é menos cinzenta e parece mais simpática e alegre do que a sombria Edinburgh.





Dublin é também menos conservadora, não tem artista com roupas tradicionais tocando gaita-de-foles em cada esquina, nem tantas lojas para turistas.  Embora seja pouco maior que Edimburgh é uma cidade mais cosmopolita.
Hoje fui até a Grafton, a rua para pedestre do centro e centro comercial que, mesmo sendo domingo, estava lotada. Haviam músicos no calçadão mas tinham cara de estudantes e tocavam rock. 





















Estou na Merrion Row perto de St. Stephen’s Green e do Shelbourne Hotel, onde tem uma salão de chá bastante frequentada. 
Tem também muitos bistrôs e choperias, que aqui chamam de taverna. Estou no O’Donoghues Hotel, que fica dentro de uma tavernas muito legal. A clientela é bastante diversificada e a música é ótima. 
É a terceira segunda vez que fica num hotel que fica dentro de um bar. A primeira vez foi em Berlim, e levei um grande susto quando vi o local mas depois percebi que tinha uma entrada independente e ficava bem isolado do bar. A segunda vez foi em Splitz, na Croácia e novamente agora, também, em Dublin.



 

 Amanhã devo me transferir para um alojamento no Trinity College, a maior universidade da Irlanda, datada do séc. XVI, que fica aqui perto. Também quero ver um curso de inglês e, se der tudo certo, fico um bom tempo por aqui.
Dependerá também de melhorar do resfriado, que depois de pegar uma chuva na véspera da minha viagem para cá, piorou. Pois, se começar a esfriar muito, vou para outro canto.


15 de julho de 2019
Já estou no alojamento da University of Dublin, no Trinity College. O alojamento é um pouco mais espartano do que esperava e nada muito aconchegante, mas o aquecimento funciona legal, o que já é um ponto positivo. 
Encontrei uma brasileira que trabalha aqui como faxineira. É formada em comércio exterior, mas como gosta muito da Irlanda, se submete a uma atividade abaixo do seu nível. Perguntei porque não faz pós-graduação e respondeu que o seu inglês ainda não é muito bom, o que não me convenceu muito. Pareceu-me mais alguém que opta pela caminho mais fácil visto que fazer uma universidade, mais ainda aqui, envolve sacrifício. Vejo isto com frequência em quem vem de classes economicamente mais baixas e penso que pode ser também uma baixa autoconfiança. Talvez por não ter uma base cultural muito sólida. Estou lendo um livro, chama-se "A Classe Média no Espelho" do cientista social Jessé Souza e ele mostra que o que diferencia as classes não é a renda mas a cultura.
    
Voltando a Dublin: nas fotos abaixo os prédios do Trinity College com muitos turistas. Há até visitas guiadas, que são feitas pelos estudantes que fazem "bicos" nas férias. A maior atração é a Old Library que possui o Book of Kells manuscrito de centenas de anos. É um dos pontos turísticos mais importantes da cidade. 






Essa convivência entre turistas, acadêmicos e corpo docente é muito interessante. Lembro que no Brasil o corpo docente das universidades, vive um uma torre de marfim - mas esta mais para torre de barro - e vejo como é diferente!
Digo sempre que não educaria um filho no Brasil, agora penso também que não o instruiria nas nossas universidades. 
Abaixo, de bicicleta alguém que deve ser um professor, que foi até a loja, no prédio próximo onde eu estava, pegou um jornal e fez seu percurso de volta. 
Esta integração entre acadêmicos e população é fantástica! Também a universidade não só é o coração da cidade como está literalmente no meio desta.



Deixei minha mala na recepção e sair para fazer um tempo antes do chick-in. Seguia em direção ao Templo Bar quando ouvir um casal falando português e pedi uma informação. A  garota trabalha em uma agencia de cursos de inglês e já marquei com ela ir amanhã cedo na agência para ver a possibilidade de fazer algum curso. Assim, já tenho dois contatos de brasileiras: no alojamento e numa agencia de intercâmbio. 
Nas fotos abaixo uma cafeteria em frente ao Trinity College.





 
Nas fotos abaixo a rua Temple Bar que é muito turística e também muito florida. Parece que é muito frequentada também à noite. Se não esfriar posso vir uma noite dessas. 


  

  
Abaixo o Rio Liffey que corta a a cidade ao meio. Imagino que um passeio de barco deve ser muito bonito. É uma possibilidade.




16 de julho de 2019
Hoje antes de seguir para o lado norte do norte da cidade e encontrar a brasileira que trabalha na agencia de intercâmbio, a Amanda, resolvi atravessar o campus, quando poderia sair do alojamento por um portão lateral. Os prédios, que são de diferentes estilo e a maioria data do séc. XVIII e XIX mas, o mais antigo é de 1592, séc. XVI, data da fundação pela rainha Izabel I. Ela ocupa uma área de 190.000 m2 e o Trinity College atualmente é uma das universidades de maior prestígio na Europa. 
Aqui estudou James Joyce e onde se  formaram, entre muitos famosos, Samuel Beckett e Oscar Wilde. 














Não defini nada com a Amanda e decidi amanhã ir a escola que já tinha feito contato no Brasil. Dali segui, depois, para o James Joyce Center. No caminho já encontrei uma estátua do autor.
Este outro lado do rio, o norte, é menos bonito porque mais comercial e tem mais imigrantes. Havia uma rua com lojas e restaurantes de chineses, além de encontrar algumas muçulmanas e também passar por alguns brasileiros.  
Há sim, bastante brasileiros por aqui, mas não será em todos os lugares que você vai encontra-los, pois a maioria esta aqui para estudar e trabalhar.
Lembro que anos atrás encontrei dois jovens brasileiros em algum lugar da Europa que não lembro agora, que quando me contaram que estavam estudando em Dublin, comentei que deveria ser um privilégio estar na mesma cidade onde nasceu James Joyce e ambos confessaram não saber quem era.  
  



O James Joyce Center fica numa rua simpática e agradável não fosse por uma pequena subida que fez meu joelho protestar. 


  

Numa sala projetavam o filme do John Huston, The Dead, que no Brasil recebeu a horrível tradução para "Gente de Dublin". Havia assistido mas sentei e voltei a ver porque acabara de ler o conto, do mesmo nome que faz parte do livro Dublinenses. E é, juntamente com o primeiro, "As Irmãs", os mais interessantes.
O filme é maravilhoso e, com o conto ainda tão fresco na memória, ficou ainda mais cativante.
Assistir ao filme justamente ao lado da figura curiosa das fotos abaixo, que eu tinha fotografado quando entrou na sala. Vi que ela percebeu mas pareceu não se incomodar.  Ela sentou próxima a mim e ficamos, só as duas, assistindo ao filme. 
Estivesse ela com roupa de época eu diria que era uma fã entusiasta de Joyce querendo incorporar uma personagem mas não havia nela nada de comum nos seu traje, tudo nela era muito singular e também, divertido.   


Mas, figuras estranhas é que não faltam em Dublim. Na volta encontrei este senhor da foto abaixo que, a primeira vista me pareceu ser um mendigo, até que ele parou na calçada para conversar com dois outros e vi que era somente mais um dublinense que poderia ter saído de um dos contos de Joyce.
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O escocês não é um povo bonito, as mulheres são baixinhas e muito gordinhas. Mas são muito afáveis e alegre.
Abaixo fotos do transporte coletivo parece ser excelente, embora confesse que não andei ainda porque tudo é muito perto. Os ônibus, como na Escócia e claro, em Londres são de 2 andares.




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