21/04/2019
Cheguei ao meio-dia e como tinha acordado muito cedo resolvi dar uma descansada e ir ao shopping aqui perto no final da tarde para informar-me sobre o City Tour.
Hoje é aniversário da cidade e segundo o taxista que me trouxe no hotel ia ter show com Anita na Esplanada dos Ministérios. Quanto a mim pretendia à noite ir jantar em algum restaurante no Lago Sul.
Porém, quando terminei de arrumar-me para sair caiu um aguaceiro enorme, que alagou ruas e derrubou árvores, prendendo-me no hotel.
22/04/2019
Depois de visitar a Super Quadra Sul 308 peguei um UBER e pedi que me levasse ao Congresso Nacional. O motorista me perguntou se iria para a chapelaria. Não entendi e perguntei o que era. Ele então falou que era por onde entravam os parlamentares. Lembrei então que antigamente se deixava os chapéus, casacos e bengalas na entrada.
Expliquei então que iria fazer uma visita guiada pelo Congresso.
Pretendia ir no Congresso na terça mas na Internet fiquei sabendo que só tem visitas na segunda, quinta, sexta, sábado e domingo. Gostaria de ir amanhã, que terá mais movimento e não porque poderia cruzar com algum políticos conhecido mas sim, para ter a chance de encontrar algum jornalista no salão verde, talvez o Gerson Camaroti, Andréia Sadi e, se tivesse muita sorte, Eliane Cantanhede ou Cristiana Lobo
O grupo saiu do Salão Negro (o piso é de granito negro), passamos pelo Salão Nobre (fotos acima) onde o presidente recepciona chefes de Estado. Possui um vitral da artista plástica Marianne Peretti (a mesma que fez os vitrais da catedral) e as poltronas são de Mies Van der Rohe, depois seguimos em direção ao Salão Verde, que é onde ficam os jornalista. Mas hoje, claro, não havia quase ninguém.
Na foto acima uma réplica de uma belíssima escultura de Alfredo Ceschiatti, que encontra-se na Catedral. E, nas fotos abaixo, à esquerda um painel de Athos Bulcão e, à direita, um quadro de Di Cavalcanti.
Depois fomos para o plenário do Senado onde estava tendo uma sessão e não poderíamos tirar fotos. Estava lá o senador Alvaro Dias, do Podemos do Paraná. Ex-candidato a presidente da republica, que discursava sobre como a Petrobrás, de como 40% dos lucros da empresa são desviados para o exterior e, blá, blá, blá, blá. Pensei até em pedir um aparte e dizer: "vamos privatiza-la, senador!" Mas era tudo um faz de conta e ele falava para uma platéia vazia. Havia ali só o presidente da mesa e 2 secretários e mais ninguém.
Antes de seguir para o Anexo 4 fomos conhecer o Museu Itamar Franco com móveis que pertenceu ao primeiro Congresso brasileiro, ainda sob o Império.
Depois seguimos para o Anexo 4 pelo chamado Túnel do Tempo, na foto abaixo.
Nos anexos ficam a Mesas Diretora, as lideranças partidárias e as Comissões (a CCJ amanhã estará "fervendo"), além dos gabinetes dos deputados.
Na cobertura do Anexo 4 ficam os restaurantes do Congresso que pertencem ao Senac. E nunca comi tão barato. Escandalosamente, como não poderia deixar de ser, barato porque paguei por uma Coca e duas sobremesas, 8,90 reais. No Rio, em qualquer cafeteria, teria pago 30 reais. Tudo bem que é Senac, mas nunca paguei barato assim em um restaurante deles.
Na foto abaixo o chamado jardim de Burle Marx, que não é jardim, mas um lago. O Lago das Carpas. E, os azulejos de Athos Bulcão estão somente na igrejinha, esta uma obra de Niemeyer.
A superquadra tem escolas, biblioteca, posto de saúde, uma igrejinha e supermercado dentro da propostas de ter todos os serviços perto da moradia e não haver necessidade de uso do carro.
Porém carros é o que mais se vê em frente aos prédios, significando que, como tudo nesta cidade, também foi fruto de utopias que fracassaram.
Assim como os pilotis livres que deveriam funcionar como espaço de convivência, o que não vi. Assim como não vi crianças nem mesmo adolescentes circulando pelas áreas comuns. Pelo horário? Não sei.
Mesmo porque em Brasilia não se vê gente, somente carros, muitos carros.
E Brasilia é uma cidade toda segmentada, tem o setor hoteleiro, o residencial, o comercial, etc. e é assim porque foi planejada para os carros. Também não existem praças e os jardins são só ornamentais e mesmo assim mal cuidados.
Depois passamos pela Esplanada dos Ministérios e percebi que há muitos camelôs nas frente dos prédios enfeiando a paisagem urbana. Já, na Praça dos Três Poderes há somente alguns vendedores de souvenier e o espaço é muito bonito. A esquerda o executivo, com o palácio do Planalto - bem mais bonito que o Alvorada - e, do lado direito, o Supremo Tribunal Federal e em frente o legislativo, com o Congresso.
Mas, de todos o mais bonito, sem dúvida, é o Palácio do Itamaraty.
Abaixo o também belíssimo prédio do Ministério da Justiça e Cidadania
E, abaixo o Lago Paranoá e a Ponte Juscelino Kubitschek
Esta incluído no passeio uma visita ao Palácio Alvorada mas como estava tendo um evento não tivemos permissão para entrar. Não lamentei porque de todos os prédios do Niemeyer, o menos interessante. Talvez valesse pela escultura dentro de um espelho d'água de Alfredo Ceschiatti.
Antes de ir para o Congresso fui conhecer a Super Quadra Sul 308. No curso de mestrado em urbanismo tive uma aula sobre este projeto de Lúcio Costa e, também no próximo sábado a Globo News levará ao ar um documentário sobre esta quadra que serviu de modelo para as demais da cidade.
Desconfio que no documentário ela será mais bonita do que a que vi, que achei mal conservada e já bastante descaracterizada.
A fachada de fundos dos blocos são fechadas com os chamados cobogós, um sistema criado para dar ventilação natural que foi modificados pelos moradores devido ao vento constante. Porém não descaracterizaram, ao contrário de alguns detalhes decorativos, o que não deveria ocorrer em um patrimônio tombado pelo IPHAN.Desconfio que no documentário ela será mais bonita do que a que vi, que achei mal conservada e já bastante descaracterizada.
Na foto abaixo o chamado jardim de Burle Marx, que não é jardim, mas um lago. O Lago das Carpas. E, os azulejos de Athos Bulcão estão somente na igrejinha, esta uma obra de Niemeyer.
A superquadra tem escolas, biblioteca, posto de saúde, uma igrejinha e supermercado dentro da propostas de ter todos os serviços perto da moradia e não haver necessidade de uso do carro.
Porém carros é o que mais se vê em frente aos prédios, significando que, como tudo nesta cidade, também foi fruto de utopias que fracassaram.
Assim como os pilotis livres que deveriam funcionar como espaço de convivência, o que não vi. Assim como não vi crianças nem mesmo adolescentes circulando pelas áreas comuns. Pelo horário? Não sei.
Mesmo porque em Brasilia não se vê gente, somente carros, muitos carros.
E Brasilia é uma cidade toda segmentada, tem o setor hoteleiro, o residencial, o comercial, etc. e é assim porque foi planejada para os carros. Também não existem praças e os jardins são só ornamentais e mesmo assim mal cuidados.
23/04/2019
Hoje peguei um ônibus em frente ao Brasilia Shopping e fui fazer um City Tour.
Primeiro passamos pelo Catedral onde descemos para tirar fotos. Os vitrais são muito bonitos, pena que não há um cuidado em manter um padrão estético e foram acrescentados detalhes decorativos muito feios, como tapetes, vasos e arranjos de flores de mal gosto.
Abaixo o também belíssimo prédio do Ministério da Justiça e Cidadania
E, abaixo o Lago Paranoá e a Ponte Juscelino Kubitschek
Depois do passeio de ônibus peguei um UBER e fui almoçar no Lago Sul, no restaurante Fausto&Manoel.
Final de viagem e uma não tão breve avaliação:
Brasilia não é uma cidade mas uma imensa auto-estrada com grandes espaços verdes vazios e alguns arranha-céus ao redor. Clarisse Lispector dizia que era uma cidade mal assombrada.
O meu guru (cada um tem o guru que merece), o urbanista Jan Gehl diz que Brasilia "é fantástica vista de um helicóptero mas do chão, onde vivem as pessoas, é uma merda". "É uma bela composição mas é uma catástrofe ao nível dos olhos.
Gehl criou o termo "Síndrome de brasília" para designar a inexistência da escala humana no planejamento urbano.
Jane Jacobs, outra urbanista que sou fã, autora de "Morte e Vida das Grandes Cidades" é outra crítica mordaz da cidade.
Também, percebe-se aqui a influência das idéias modernista de Le Corbusier: as grandes avenidas (ruas muito largas e calçadas estreitas) e a separação de funções urbanas (moradia, trabalho, lazer e circulação) e setorização.
As ruas e as praças deram lugar aos shopping centers como locais de encontro. Há também um incentivo ao uso do carro e a horizontalização da cidade, encarecendo a distribuição dos serviços urbanos de transporte, água, esgoto e energia. Acabando por transformar Brasilia em uma cidade perdulária.
Enfim, a Brasilia é uma grande contradição entre utopia e realidade. Umberto Eco disse que "de cidade socialista que deveria ser, tornou-se a própria imagem da diferença social".
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