O comentário mais frequente, quando digo que sou brasileira, é que o Brasil é um país muito bonito mas que, infelizmente, tem muita corrupção e violência.
E, outro dia conversava com a garota enquanto fazia hora para um passeio de barco. Ela me disse que fazia psicologia e no ano que vem iria ao Brasil fazer um trabalho com crianças carentes. Contou, também, que a família e os amigos estavam muito preocupados, achavam que ela não voltaria viva, que não poderia sair sozinha na rua e outros absurdos.
O que é lamentável é que são os próprios brasileiros que vendem esta imagem de violência que é também explorada pela mídia, que busca de audiência. E pior, é um dos assuntos preferidos da classe média, que gosta de se colocar como vítimas desta violência, num comportamento que Freud chama de "denegação".
Explico: é somente a classe média e alta que tem este discurso, o mesmo não se ouve na classe pobre, sendo que é ela a maior vítima. Se existem balas perdidas é dentro das favelas, assim como assaltos e roubos são muito mais frequentes nos bairros mais carentes, onde não há segurança. É também nas ruas de comércio popular onde há mais roubos, assim como é dentro dos ônibus onde ocorrem com mais frequência os assaltos.
Estatisticamente, para cada pessoa da classe média ou alta vítima de violência, temos 13 pobres que são roubados, assaltados ou mesmo mortos por bandidos.
O europeu, ao comentar que no Brasil há muita violência, deixa de reconhecer que aqui na Europa ela também existe. Uma amiga brasileira que mora na Suécia contou-me que sempre que vai sair de férias precisa deixar alguém cuidando do seu apartamento. Contou que por duas vezes, durante suas ausências, fizeram uma "limpa" nele. Surpresa, exclamei: "Na Suécia?!"
Ocorre que na Europa, com
esta multidão de imigrantes, muitos não conseguem emprego e acabam na delinquência.
Em Paris Existem bairros que são muito mais violentos do que as favelas
do Rio. Assim como em Lisboa também tem favelas que são igualmente violentas como pude ver em uma matéria na TV sobre a prisão de um traficante.
Mas é muito raro ver estas notícias nas TVs ou nos jornais. É como se não existissem. Ao contrário da mídia do Brasil, principalmente da TV, que explora a exaustão este tipo de noticia.
À garota que vai para o Brasil expliquei que em locais mais carentes, onde tem muita gente desocupada, envolvimento com drogas, haverá sim a probabilidade dela sofrer um atentado mas, que não era algo generalizado. Ou mesmo, se ela andar em Copacabana vestida de turista também poderá ser roubada. Contei que ando só no RJ e jamais, lá ou em qualquer outro lugar, fui assaltada ou roubada. E o RJ está em 16o lugar no índice de violência, atrás do Amapá, ou seja, da região norte e nordeste.
Incomoda-me que sejam os próprios brasileiros que vendem esta imagem do país. Que seja a classe media que, ao não assumir sua culpa em relação a população carente e, por um ato de denegação (mecanismo de defesa que leva o indivíduo a negar um fato, invertendo-o) coloque-se na posição de vítima, quando as maiores vítimas estão na classe pobre.
Um exemplo disto é o sujeito que fecha rapidamente a janela do carro quando aproxima-se uma criança carente, vendendo bala ou pedindo um dinheiro. Praticando um ato de extrema violência contra uma criança em situação de vulnerabilidade social.
Isto faz parte da nossa cultura e educação precária! Concordo com você e sempre comentamos em casa o absurdo que é a nossa mídia! Eles não se preocupam em mostrar o lado positivo de uma cidade e seus habitantes porque não dá ibope! Pelo menos aqui no Brasil é disto que a mídia vive! Assim somos taxados de povo ignorante! Bjs e um feliz dia de aniversário Beijos também da Lúcia e Cristina.
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