O comentário mais frequente, quando digo que sou brasileira, é que o Brasil é um país muito bonito mas que, infelizmente, tem muita corrupção e violência.
E, outro dia conversava com a garota enquanto fazia hora para um passeio de barco. Ela me disse que fazia psicologia e no ano que vem iria ao Brasil fazer um trabalho com crianças carentes. Contou, também, que a família e os amigos estavam muito preocupados, achavam que ela não voltaria viva, que não poderia sair sozinha na rua e outros absurdos.
O que é lamentável é que são os próprios brasileiros que vendem esta imagem de violência que é também explorada pela mídia, que busca de audiência. E pior, é um dos assuntos preferidos da classe média, que gosta de se colocar como vítimas desta violência, num comportamento que Freud chama de "denegação".
Explico: é somente a classe média e alta que tem este discurso, o mesmo não se ouve na classe pobre, sendo que é ela a maior vítima. Se existem balas perdidas é dentro das favelas, assim como assaltos e roubos são muito mais frequentes nos bairros mais carentes, onde não há segurança. É também nas ruas de comércio popular onde há mais roubos, assim como é dentro dos ônibus onde ocorrem com mais frequência os assaltos.
Estatisticamente, para cada pessoa da classe média ou alta vítima de violência, temos 13 pobres que são roubados, assaltados ou mesmo mortos por bandidos.
O europeu, ao comentar que no Brasil há muita violência, deixa de reconhecer que aqui na Europa ela também existe. Uma amiga brasileira que mora na Suécia contou-me que sempre que vai sair de férias precisa deixar alguém cuidando do seu apartamento. Contou que por duas vezes, durante suas ausências, fizeram uma "limpa" nele. Surpresa, exclamei: "Na Suécia?!"
Ocorre que na Europa, com
esta multidão de imigrantes, muitos não conseguem emprego e acabam na delinquência.
Em Paris Existem bairros que são muito mais violentos do que as favelas
do Rio. Assim como em Lisboa também tem favelas que são igualmente violentas como pude ver em uma matéria na TV sobre a prisão de um traficante.
Mas é muito raro ver estas notícias nas TVs ou nos jornais. É como se não existissem. Ao contrário da mídia do Brasil, principalmente da TV, que explora a exaustão este tipo de noticia.
À garota que vai para o Brasil expliquei que em locais mais carentes, onde tem muita gente desocupada, envolvimento com drogas, haverá sim a probabilidade dela sofrer um atentado mas, que não era algo generalizado. Ou mesmo, se ela andar em Copacabana vestida de turista também poderá ser roubada. Contei que ando só no RJ e jamais, lá ou em qualquer outro lugar, fui assaltada ou roubada. E o RJ está em 16o lugar no índice de violência, atrás do Amapá, ou seja, da região norte e nordeste.
Incomoda-me que sejam os próprios brasileiros que vendem esta imagem do país. Que seja a classe media que, ao não assumir sua culpa em relação a população carente e, por um ato de denegação (mecanismo de defesa que leva o indivíduo a negar um fato, invertendo-o) coloque-se na posição de vítima, quando as maiores vítimas estão na classe pobre.
Um exemplo disto é o sujeito que fecha rapidamente a janela do carro quando aproxima-se uma criança carente, vendendo bala ou pedindo um dinheiro. Praticando um ato de extrema violência contra uma criança em situação de vulnerabilidade social.
sexta-feira, 30 de junho de 2017
domingo, 25 de junho de 2017
ARRAIAL EM ALFAMA
Hoje o dia amanheceu nublado. Queria ir a Alfama mas a noite não estava das mais bonitas - o visual lá de cima é muito bonito mas o céu precisa estar limpo e estrelado - mas, como era o último dia para ir ao Arraial, fui assim mesmo.
Dizem que Portugal não é Portugal sem os santos e as festas populares. E Alfama tem as melhores, o Arraial de Santo Antonio e o de São João, este no dia 24 de junho. Encontrei o bairro todo decorado com bandeirinhas coloridas, balões, tudo muito colorido, com bailes no meio das ruas e muita música portuguesa, além de fogos de artifício e – o melhor de tudo – as famosas sardinhas na brasa.
Para subir Alfama só indo de táxi, tuk tuk ou bondinho. Optei pelo bondinho, que aqui chamam de elétrico pois, este último além de ser mais barato é mais simpático, como veem na foto abaixo.
Abaixo o famoso tuk tuk.
Arrisquei experimentar um autêntico chouriço mas, não é, nem de longe, parecido com o do Madero, ou mesmo os da praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis. Depois, ainda, comi um arroz doce, este sim delicioso. A dieta? Pois pois...esta já ficou para segunda-feira.
O gesto é porque mostro que estou vestida a caráter. Uma caipira fashion, segundo o Beto, respondendo a um whatsApp que enviei, by Benetton.
Infelizmente o céu estava um breu e só dava para ver, no alto, o castelo de São Jorge iluminado e, mais abaixo, a ponte.
quinta-feira, 22 de junho de 2017
CIDADE DO PORTO
20/06/2017
Havia conseguido uma passagem low cost por 6 euros para o Porto e, só por isto vim de avião, gosto mais de viajar de trem. Mas se soubesse a chatice que seria este voo, não teria comemorado tanto os 6 euros. Antes de embarcar recebi um e-mail dizendo que teria que fazer o check in on-line até duas horas antes ou pagar uma taxa de 50 euros. Como não acertei fazer cheguei duas horas mais cedo e fui ao balcão da Ryanair pedir ajuda e disseram que é problema do passageiro. Jesus, o que faço eu que sou analógica?!!
Depois ainda teve a chatice de ter de passar pela vistoria do aeroporto. Como ficaria só dois dias trouxe somente uma mochila e, passava pela vistoria quando vi que um guarda sacudindo ela. Discuti com ele e em determinado momento disse que ele era um "chato", por sorte acho que ele não escutou ou entendeu, caso contrário, acho que estaria agora bastante arrependida.
Esta, definitivamente não foi uma viagem das mais felizes e valeu só para dizer que conheço a cidade porque nem a achei bonita, as fachadas dos edifícios são muito mal conservadas, com exceção da Praça da Liberdade onde vemos bonitos prédios em estilo clássico. Além destes encontrei também alguns prédios em estilo Art Déco que seriam bem interessantes se não houvesse tanta mistura de estilos.
E, com exceção da Estação São Bento, local de um antigo convento, que possui um belo interior de azulejos retratando cenas histórias da cidade. Esta sim, é belíssima, os demais prédios públicos parecem mal conservados.
Também a arquitetura moderna não possui um padrão estético e falta harmonia com o entorno.


Percebe-se que não teve um urbanista que se preocupasse com a paisagem nem arquitetos que criassem mais espaços abertos e calçadas mais largas. Além de mais espaços públicos de lazer, mais jardins onde as pessoas pudessem deitar na grama ou passear com seus cachorros. Também locais de encontro que não seja só as mesas dos bares e restaurantes. O lugar mais parecido com isto é a Praia de Matosinhos que, no entanto, fica longe do centro. Gosto de cidades que são feitas para as pessoas, que convida você a flanar pelas ruas e que são agradáveis ao olhar.
A região mais frequentada pelos turistas é o Cais da Ribeira, com seus bares e restaurantes a beira do Douro. Um local bastante agradável para um happy hour.
Com exceção do transporte público que é bom, no restante parece-se mais com uma cidade da América do Sul, com Salvador, do que com a Europa. Mas justiça seja feita, os moradores são simpáticos e nisto parecem-se também com os brasileiros: na afabilidade e acolhimento dos turistas.
Havia conseguido uma passagem low cost por 6 euros para o Porto e, só por isto vim de avião, gosto mais de viajar de trem. Mas se soubesse a chatice que seria este voo, não teria comemorado tanto os 6 euros. Antes de embarcar recebi um e-mail dizendo que teria que fazer o check in on-line até duas horas antes ou pagar uma taxa de 50 euros. Como não acertei fazer cheguei duas horas mais cedo e fui ao balcão da Ryanair pedir ajuda e disseram que é problema do passageiro. Jesus, o que faço eu que sou analógica?!!
Depois ainda teve a chatice de ter de passar pela vistoria do aeroporto. Como ficaria só dois dias trouxe somente uma mochila e, passava pela vistoria quando vi que um guarda sacudindo ela. Discuti com ele e em determinado momento disse que ele era um "chato", por sorte acho que ele não escutou ou entendeu, caso contrário, acho que estaria agora bastante arrependida.
Esta, definitivamente não foi uma viagem das mais felizes e valeu só para dizer que conheço a cidade porque nem a achei bonita, as fachadas dos edifícios são muito mal conservadas, com exceção da Praça da Liberdade onde vemos bonitos prédios em estilo clássico. Além destes encontrei também alguns prédios em estilo Art Déco que seriam bem interessantes se não houvesse tanta mistura de estilos.
E, com exceção da Estação São Bento, local de um antigo convento, que possui um belo interior de azulejos retratando cenas histórias da cidade. Esta sim, é belíssima, os demais prédios públicos parecem mal conservados.
Também a arquitetura moderna não possui um padrão estético e falta harmonia com o entorno.
Percebe-se que não teve um urbanista que se preocupasse com a paisagem nem arquitetos que criassem mais espaços abertos e calçadas mais largas. Além de mais espaços públicos de lazer, mais jardins onde as pessoas pudessem deitar na grama ou passear com seus cachorros. Também locais de encontro que não seja só as mesas dos bares e restaurantes. O lugar mais parecido com isto é a Praia de Matosinhos que, no entanto, fica longe do centro. Gosto de cidades que são feitas para as pessoas, que convida você a flanar pelas ruas e que são agradáveis ao olhar.
A região mais frequentada pelos turistas é o Cais da Ribeira, com seus bares e restaurantes a beira do Douro. Um local bastante agradável para um happy hour.
quinta-feira, 15 de junho de 2017
LISBOA - FASE DOIS
19/06/2017
"Vais a encontrar numa grande superfície" respondeu a portuguesa da mercearia quando perguntei se encontraria o produto que procurava em outro estabelecimento. Que diabo ela esta dizendo? Pensei. Porque não é só o sotaque, nem o vocabulário que são diferentes, mas também a construção das frases que muitas vezes tornam bastante difícil compreender o que falam. Perguntei se referia-se a um supermercado, também não era isto que queria dizer. Apesar das explicações, que só serviram para confundir-me mais, desisti e voltei para casa matutando onde poderia encontrar o tal produto.
NOTA:
Recebi um whats do Brasil perguntando sobre o incêndio em Portugal e só então fiquei sabendo que na região de Leiria, perto de Coimbra estava ocorrendo um grande incêndio com 61 mortes, até então contabilizadas. O grande calor que faz no verão, a falta de chuvas e o solo normalmente árido provocam frequentes incêndios, embora não desta magnitude.
Por sorte a cidade do Porto, mais ao norte, para onde vou amanhã, fica distante.
18/06/2017
Sexta fui ao um Centro de Saúde em busca de uma receita para uma medicação que tomo para um problema no quadril. Medicação que no Brasil, ao contrário de Portugal, não necessita de receita médica. O atendimento foi bom e o centro de saúde possui excelentes instalações. Só não consegui o encaminhamento para um exame, um Doppler que preciso enviar para meu neurologista no Brasil.
Informaram-me que para tanto teria que estar inscrita no sistema de saúde deles e também ser residente no país. Vou me informar e talvez me inscrever como residente. Mas já me disseram que os exame pelo sistema público demoram muito e que muitas vezes tem-se que optar pelo sistema privado.
Sábado fui ao Cais de Sodré. Vesti um biquíni por baixo da roupa e lá fiquei numa das espreguiçadeiras, o dia todo, lendo e tomando sol. Mais tarde fiquei sabendo que a temperatura, em alguns pontos da cidade, chegou à 45 graus. Em Sodré havia uma brisa do rio, a dificuldade foi a noite, para dormir, sem ar-condicionado, que aqui não existe.
Hoje resolvi flanar pelas ruas dos bairros da Bica e Lapa. Flanar talvez não seja a palavra certa porque são ladeiras que exigem um bocado de esforço físico.
Diferente da Bica (acima) que é um bairro pobre, a Lapa, onde estão as embaixadas dos USA e Suíça, é a parte rica da cidade. A arquitetura é a mesma, e, a primeira vista, só percebe-se pela conservação dos prédios e no fato de que são residências unifamiliares.
Abaixo, um genuíno português, no seu terno de linho branco e chapéu Panamá, saindo para passear num domingo de verão. Mas já ligado à era digital, deve estar mandando um whats para a rapariga que está a lhe esperar.

Na Lapa fica o Museu Nacional de Arte Antiga, cujo restaurante tem um jardim
muito agradável, onde almocei.
No interior, o Museu tem bonitos espaços, muito amplos e claros.
E tem também um belo e rico acervo de cerâmica oriental, de presépios e de ourivesaria.
Na volta para casa conheci uma portuguesa, natural de Açores e disse-lhe que minha família tinha lá sua origem. Ela então falou que na ilha de São Miguel há muitos Arrudas. O que me deixou tentada a ir até lá para conhecer minhas origens. A portuguesa, que disse se chamar Fátima, mora em Setúbal e foi muito simpática. Deu-me o telefone para quando eu for lá tomarmos um gelado. Vi que gostava muito de literatura porque mostrou-me os livros que havia adquirido no museu e aproveitei para dizer que estava lendo Lobo Antunes, escritor que não aprecia muito. Ficou de me enviar uma lista de novos autores portugueses.
NOTA:
Este blog é uma obra em aberto e os textos já publicado poderão ser modificados. Muitas vezes ao reler acabo alterando uma parte de um texto, retirando ou acrescentando algo e mesmo colocando uma uma nova foto.
15/06/2017
Hoje começo uma nova fase aqui em Lisboa. Mudei de endereço e vou começar a fazer uma nova programação também. Ana (Marrocos) deu-me umas dicas de cinemas de arte; também gostaria de ir a algum concertos ou ópera. Acho também que está na hora de pensar em ir a uma praia - ontem a TV alertou para temperatura em torno de 40 graus nos próximos dias.
Tenho comprado o Diário de Notícias que ontem trouxe uma matéria sobre a política no Brasil. O título era "O Brasil esta nas Mãos de Cinco Homens Bomba". Citava o Eduardo Cunha, Funaro, Rocha Loures, Palocci e Mantega e completava que que caso estes façam delação premiada, Temer e Lula ficarão em uma situação bem difícil. Tudo está difícil no Brasil!
Mas, o mais interessante foi a notícia que foi aberto concurso para o STF daqui. Vejam bem: concurso. E um concurso rigorosíssimo onde são avaliados por uma banca formada pela elite da elite dos juristas, presidido pelo presidente do STJ. Inclui prova oral, escrita, avaliação de curriculum, trabalhos publicados, alegações em tribunais e também pelo prestígio profissional. É também exigido "isenção e dignidade de conduta, serenidade e reserva com que exerce a função". Como veem, a maioria dos nossos ministros seriam reprovados. Dá para ficar com inveja. Ah, e eles ganham não mais do que 22 mil 521 reais brutos ou 6.129 euros. E não tem esta de carro oficial e outras mordomias.
Na foto abaixo minha xará angolana, Beatriz, que arrumava meu quarto e conseguiu uma estante para colocar minhas coisas.

Abaixo a nova moradia, em Rato. Apesar do nome não é nenhum beco imundo, pelo contrário, fica em uma área nobre da cidade. É bem simpática como podem ver pelas fotos abaixo. E o quarto tem até uma sacadinha.
O apartamento fica há duas quadras do Jardim Botânico, que infelizmente esta fechado para reforma. Abaixo uma bela fachada na minha rua, a rua da Imprensa Nacional.
sexta-feira, 2 de junho de 2017
LISBOA
11/06/2017
O Mercado da Ribeira, que fica atrás do Cais de Sodré é fantástico, tem um espaço gourmet com enorme variedade de comidas portuguesa, algumas de chefs renomados. Estava curiosa para experimentar o famoso Prego, mas descobri que nada mais é do que um sandwich muito do sem graça. Desta vez não vou dizer que comi o melhor...do mundo. Mas, para compensar o almoço antes de pegar o metro passei na Mantegueria, que fica na praça Camões ao lado da estação Baixa-Chiado e comi os melhores pastéis de Belém do mundo!
10/06/2017
Hoje é feriado, dia de Portugal, teve parada militar e muitas comemorações. Achei melhor não ir ao centro e aproveitar para relaxar nos jardins do Museu Gulbenkian onde comi o melhor bacalhau da minha vida, um bacalhau à Brás de comer ajoelhada. Depois tomei um sorvete também divino. Descobri que eles fazem sorvete melhor que os italianos.

Fiquei observando as pessoas no jardim: o casal idoso - ele pintando em aquarela a paisagem a sua frente e ela lendo; os turistas lanchando; a família fazendo pic-nic e as garotas tomando sol deitadas na grama. Vejo fascinada como na Europa eles tem qualidade de vida, como são muitos os espaços públicos de lazer, de encontro, de diversidade e de cidadania.
No caminho de volta parei numa banca para comprar o Diário de Notícias e ver se publicaram o resultado do TSE, mas não havia uma unica nota. Na semana passada havia uma pequena nota no jornal e hoje nada. Também o Estadão não fala sobre a reação dos movimentos, como o Vem Para a Rua, nada. Creio que foi tudo tão previsível que não surpreendeu ninguém. Mas acho que foi, no mínimo, vergonhoso.
07/06/2017
Andar de elétrico é giro, como diria um nativo, significando que é muito legal. Apesar de rangerem muito, são realmente um charme estes bondinhos elétricos. Cada vez que cruzam uma rua o motorneiro toca um sino.
Acabei pagando 12 euros para ir até Alfama porque os amarelinhos, que são bem baratos, estavam sempre lotados e tive que pegar o verde, mais caro mas ao menos pude ir sentada. Em Lisboa vemos também o contraste entre o antigo e o moderno, como na foto abaixo.
Abaixo a catedral da Sé.
Desci no mirante Santa Luzia para tirar umas fotos pois o visual é deslumbrante e o Tejo, de tão grande e azul, mais parece um oceano.
O bairro não é muito fotogênico ou eu não soube captar sua alma. Suas casas mal cuidadas não me atraíram e, pitoresco mesmo, achei só suas ruas estreitas, suas vielas e escadarias sinuosas. Mas não será o meu bairro preferido embora o visual do rio e da cidade abaixo fez valer a pena a subida desta que é a mais alta das sete colinas de Lisboa.
O castelo é outro sítio que vale a pena conhecer embora só tenha sobrado as muralhas e as torres depois do terremoto de 1755 porque é um lugar muito agradável para se andar e ainda podemos admirar do alto todo o centro histórico da cidade: a Baixa, parte de Alfama e ao fundo a ponte 25 de Abril.
06/06/2017
Hoje passei o dia a procura de novas acomodações pois, o local onde estou hospedada, além de ser uma guesthouse ele deixa muito a desejar: colchão duro, barulho nos corredores, falta de espaço, etc...etc.
Bom mesmo hoje foi só o sorvete de figo, divino, que tomei na Praça do Comércio.
NOTAS:
1. Embora Florianópolis tenha o mesmo numero de habitantes que Lisboa, a diferença na qualidade de vida, dos espaços públicos de lazer e do numero de eventos culturais é enorme.
2. A decepção foi grande ao descobrir que os aluguéis pela Airbnb não são como eram originalmente: famílias que recebiam hóspedes em suas próprias casas. Hoje tornaram-se guesthouses. São quartos administrados por um funcionário que somente aparece no local na hora de fazer o chek-in e o chek-out. A expectativa que tinha de conviver com portugueses, receber informações sobre a cidade e eventos locais, foi totalmente frustrada.
05/06/2017
O cais do porto foi revitalizado, transformando-se em área de lazer e os antigos armazens em bares e restaurantes. O local é hoje conhecido como Cais de Sodré.
Depois de tomar uma taça de sangria no bar do Cais, resolvi pegar um elétrico (bondinho) e ir a Belém visitar o MAAT, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia inaugurado ano passado.
O projeto da arquiteta inglesa Amanda Levete é deslumbrante - o prédio é todo prateado e tem o formato de uma onda, parecendo movimentar-se, como o movimento de fluxo e refluxo das marés (ou será que foi a sangria?!). A sensação é que nasceu daquela paisagem e suspeito possui a mesma essência do rio, do céu e da luz de Lisboa.
A ponte 25 de abril, ao fundo, de cor coral, com seu delicado desenho também está ela perfeitamente integrada a esta paisagem.
Mas, como o Guggenheim, em Nova York, ele é também muito mais interessante por fora do que por dentro. Em contraponto à exuberância da luz exterior, o interior não tem luz natural. O que é justificado pelo fato deste ser também um museu da tecnologia e ligado ao antigo Museu da Eletricidade.
04/06/2017
Continua um vento infernal! O jeito foi evitar passeios ao ar livre e ir ao Museu Calouste Gulbenkian, há 2 quadras de onde estou hospedada.
Não poderia ter tido melhor idéia porque foi uma descoberta incrível, o prédio fica no meio de um grande parque de 70 mil m2 e está totalmente integrado com o jardim, que é deslumbrante. Tem até uma arena para consertos ao ar livre.
Não fosse só isto ainda tem uma cafeteria e um restaurante bem supimpas (foto acima).
São 4 prédios, este da foto acima é muito charmoso, é o de arte moderna. Os espaços internos são de uma beleza e uma leveza que falta ao nosso Oscar Niemeyer. Percebam a incrível luz do interior, como é mágica.
São 4 prédios, este da foto acima é muito charmoso, é o de arte moderna. Os espaços internos são de uma beleza e uma leveza que falta ao nosso Oscar Niemeyer. Percebam a incrível luz do interior, como é mágica.
Creio que virei muitas vezes aqui. Fiquei encantada com o lugar e mais ainda porque fica há 10 minutos da minha guest.


O Palácio Nacional de Sintra, antiga casa de campo dos reis de Portugal, fica bem no centro, no alto da colina. Foi moradia de Celtas, depois dos mouros e quando D. Afonso Henriques tornou-se rei de Portugal mandou reformar e transformar em sua casa de veraneio pois Sintra possui um clima bastante ameno no verão. Há dois dias venta muito na região e Sintra parecia ser a moradia do monstro Adamastor (Camões). Senti bastante frio, mesmo estando com duas malhas de manga comprida.

A fachada do palácio revela a influência mourisca nos adereços das portas e janelas conforme podem ver na foto acima. Já, no interior a decoração é predominantemente portuguesa, com muita azulejo e móveis bastante pesados, com muitos entalhes na madeira. Tudo muito austero mas também muito despojado.
Exceção dos forros do teto, que são bastante trabalhados, com pinturas, algumas até curiosas como a dos urubus, mandado pintar por D. João I (?) em referências as fofocas da corte.
Outro teto interessante é desta sala abaixo com os brasões das famílias mais importantes da aristocracia - 72 das 278 do livro do Armeiro-mor (lista dos títulos nobiliárquicos de 1509). Procurei o brasão dos Arrudas e não encontrei, não deviam ser tão importante assim!
A cozinha, na foto abaixo, é outro espaço interessante, que também chamou atenção pelo despojamento. Como eles preparavam os banquetes com tão pouco equipamentos e utensílios? Mas o mais curioso são as duas chaminés enormes, que parecem dois enormes funis e dão a fachada uma aparência muito estranha. E não me perguntem o que está escrito acima do arco da cozinha. Responderei quando for novamente a Sintra.
Voltei a pé para a estação, pensando em ir a Pastelaria Sapa, que fica no caminho e é famosa pelas queijadinhas, mas estava fechada. Encontrei, no entanto, uma outra, maravilhosa, chamada "Café Saudade". Acho que quando voltar para o Brasil serei chamada de dona Redonda porque não dá para resistir aos doces portugueses!
A foto abaixo é da Fonte Mourisca, também no caminho para pegar o trem, que aqui chama-se comboio, palavra mais simpática que trem. Algumas palavras usadas pelos portugueses são mesmo encantadoras.

02/06/2017
Cheguei ontem e ainda estou me recuperando da viagem, que foi cansativa, como sempre. Saí ao meio-dia e meia de Floripa e cheguei em Lisboa as onze e meia do dia seguinte. E, até agora só fiz tentar, inutilmente, resolver um problema com o cartão de crédito, indo de uma agencia a outra do BB.
Já comprei um chipe local, com Internet e o novo número é 00351 91 066 91 27. Por sorte o whatsApp continua o mesmo, não altera em nada.
Quanto as acomodações, o local, conforme suspeitava, é na verdade uma Guesthouse. Não é uma casa de família nem um hotel, mas um apartamento com muitos quartos, uma cozinha de uso comum e nada mais além de uma pequena recepção onde nem sempre tem alguém para atender. Mas o quarto é razoável e a localização é boa.
A temperatura hoje esta bastante agradável, em torno de 23o e um céu de brigadeiro, sem uma única nuvem.
A foto abaixo é do prédio onde estou hospedada, que fica em Estefânia, perto da Praça dos Touros, do Museu Calouste Gulbenkian e do Magazine El Corte Inglês.
A tarde, já refeita da viagem, fui para a Baixa e Chiado onde comi o melhor arroz-doce da minha vida. Amo o centro mesmo quando esta cheio de turistas, muitos espanhóis, americanos, alemães, como nunca tinha visto antes. Os europeus estão descobrindo Portugal e não só a região do Algarve. Embora tenha encontrado também bastante brasileiros. Com tantos idiomas, que são até mais traduzíveis que o português atropelado dos nativos, a cidade me pareceu mais alegre.
Fui andando até a Praça do Comércio - meu lugar preferido, depois dos cafés, é claro - a beira do rio mais bonito do mundo, o Tejo, onde encontrei alguns turistas tomando sol em trajes de banho.
Na praça do Rossio, para onde me dirigi depois para pegar o metro de volta para casa, havia um bailinho em plena praça, onde a turma da terceira idade divertia-se sem dar-se conta do vento que começava forte.
Como manézinha da ilha que sou, logo identifiquei - isso é vento sul, sinal de tempo seco. Ou seja, continuará este céu azul, maravilho.
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