check-point em Berlim, Alemanha - 2014
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Planejando a viagem
3. Fazendo o roteiro
4. Comprando as passagens
5. Reservando a hospedagem
6. Usando o Google map
7. Criando um blog de viage
8. Últimos preparativos
9. Fazendo a mala (celular, travel money)
10. Em busca de mais informações
I. INTRODUÇÃO
Cansada de ouvir: "nossa, você vai viajar sozinha? Mas que coragem!!" e, percebendo que
Cansada de ouvir: "nossa, você vai viajar sozinha? Mas que coragem!!" e, percebendo que
muitas pessoas deixavam de realizar o sonho de conhecer um determinado país porque não tinham com quem ir e, incapazes de empreender a aventura sozinhas, acabavam
sentadas no sofá da casa, resolvi mostrar que viajar só não é nenhum "bicho-de-sete-cabeças" e, pode mesmo ser uma experiência muito rica e interessante.
sentadas no sofá da casa, resolvi mostrar que viajar só não é nenhum "bicho-de-sete-cabeças" e, pode mesmo ser uma experiência muito rica e interessante.
Não que viajar acompanhada também não seja legal, é também muito bom ter com quem dividir as experiências, ter uma companhia para ir naquele restaurante supimpa, ou um concerto. Mas você pode ter tudo isto sem a necessidade de ter um marido ou uma irmã para acompanhar.
Já, viajar com uma amiga/o é mais arriscado, e pode mesmo ser fonte de grande arrependimento - quem nunca ouviu falar de viagens que acabam em desentendimento entre amigos de longa data? Neste caso, acho que é melhor ir só do que perder o/a amigo/a.
Acompanhada, você sempre vai ter que abrir mão de ir a algum lugar que queria muito conhecer em prol do desejo do parceiro. E, não se iluda, porque nada garante que você terá outra chance de voltar ao mesmo lugar. Também é bom lembrar que aparecerão imprevistos que vão exigir muita sintonia com quem você viaja para resolve-los. Normalmente é mais fácil decidir sozinha do que ter que negociar com quem não se supunha ser "tão difícil".
Já, viajar com uma amiga/o é mais arriscado, e pode mesmo ser fonte de grande arrependimento - quem nunca ouviu falar de viagens que acabam em desentendimento entre amigos de longa data? Neste caso, acho que é melhor ir só do que perder o/a amigo/a.
Acompanhada, você sempre vai ter que abrir mão de ir a algum lugar que queria muito conhecer em prol do desejo do parceiro. E, não se iluda, porque nada garante que você terá outra chance de voltar ao mesmo lugar. Também é bom lembrar que aparecerão imprevistos que vão exigir muita sintonia com quem você viaja para resolve-los. Normalmente é mais fácil decidir sozinha do que ter que negociar com quem não se supunha ser "tão difícil".
Mas, viajar só não é sinônimo de uma viagem solitária. O simples fato de estar só fará com que você se aproxime mais de outras pessoas e vice-versa, permitindo que conheça pessoas com culturas diferentes da sua tornando, assim, a experiência de viajar será mais enriquecedora do que se você estiver viajando acompanhada.
Família do Azerbaijão que conheci durante viagem pelo Bósforo, em Istambul, Turquia, 2011 |
Família argentina que conheci durante viagem pelo Caribe, 2015 |
E, ainda tem a vantagem de obriga-la a falar um idioma que não é seu. Se você fala um pouco o inglês - e é importante falar ao menos um pouco - você conseguirá se comunicar com a maioria das pessoas nos países da Europa, Leste europeu, países árabes e Asia. E todos tentaram entendê-la, até os franceses, acreditem-me!!
II - PLANEJANDO A VIAGEM
Uma coisa importante é estar bem informada sobre a história e a cultura do lugar para onde vamos você quer ir. Conhecimento que você já vai adquirindo quando começa a organizar a viagem.
A primeira regra para quem viaja só é você mesma comprar a passagem e fazer as reservas de hotel. Só assim você, não só será dona da sua viagem e uma verdadeira viajante, e não uma turista que só vai atrás da bandeirinha do guia.
Claro que dependendo do país que você vai visitar, se para o norte da Africa, oriente médio ou Àsia não será recomendado ir só. Mas você sempre tem a opção de ir com uma agência de viagens como a Rotas do Vento, que organiza grupos de pessoas de diversas partes do mundo, fazendo as reservas e disponibilizando um guia e um motorista.
Viajei recentemente ao Marrocos e como queria ir ao Sahara, entrei em contato com esta
agencia de Portugal e não me arrependi, porque foi tudo muito bem organizado. Viajei também com uma portuguesa muito simpática , além do guia e um motorista, e acampamos no deserto.
Em direção ao Sahara, na região do Saghro |
A esquerda, o motorista e a direita, o guia já no Sahara |
III - PLANEJANDO A VIAGEM
Depois que você leu tudo sobre o(s) pais(es) que vai visitar, faça a escolha das cidades e lugares mais interessante. Se escolher ir no verão, terá a vantagem de ter nesta estação muitos eventos e festas. E, a desvantagem, de encontrar preços de hotéis e passagens mais altos, além das filas para os museus serem bem maiores. Lembro também que em Roma e Paris é "ferragosto", época em que os nativos saem de férias e as cidades são invadidas por hordas de turistas. São as cidades menores, onde ocorrem os festivais de verão, com muito teatro, música, literatura, etc., os melhores lugares para se visitar no verão.
Por outro lado, se decidir ir no inverno, como é baixa temporada tem a vantagem de os preços estarem bem mais baixos e não existirão filas nos museus. Além de encontrar maior numero de moradores locais. Se você for em Dezembro para a Europa vai encontrar as charmosas feiras de natal, com suas barraquinhas de comida e enfeites natalinos, bastante simpáticas.Quanto a temperatura, se você estiver adequadamente vestida, com camiseta térmica, suéter de lã pura e jaqueta para cortar o vento, você estará bem protegida porque o frio é seco. Esquecia, claro que você precisa também de botas adequadas (as nossas não servem porque absorvem a umidade e frio).
A maioria dos brasileiros preferem a meia-estação, o que não é o meu caso, prefiro ou o verão com suas festas ou o inverno com sua bela paisagem coberta de neve.
Vista de Praga, do alto do Castelo. Abaixo a árvore de natal enfrente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim e, a esquerda, uma feira de rua em Budapeste, Dezembro de 2014.
Térmica em Budapeste, temperatura externa de - 5 graus.Dentro da piscina a temperatura era de + 28 graus.
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Escolhido os lugares que vai visitar, trace o roteiro. O ideal é ficar ao menos três dias em cada lugar - se for uma cidade pequena - nas maiores, como as capitais fique ao menos cinco dias, caso contrario terá um conhecimento muito superficial dos lugares. Nunca diga: "um dia eu volto lá", porque, como jã disse, nada garante que isto ocorrerá. Para realmente viver o lugar, perceber suas peculiaridades, é preciso tempo, caso contrario abra a Internet e não precisa sair da sua sala de estar.
Se correr o dia todo não terá tempo para "flanar" pela cidade, entrar por ruas desconhecidas e se surpreender com paisagens ou edifícios encantadores. Por isto selecione só o que for mais importante para você. Pense também em qual é seu foco, se é a paisagem, a arquitetura, a cultura local e foque nestes temas. Confesso que gosto dos cafés para poder ficar observando as pessoas e o ritmo da cidade.
Abaixo estão alguns cafés, bares e cabarés (que em Paris tem outro significado) que amo e curti e onde, também, encontrei pessoas muito interessantes com quem troquei idéias e informações sobre a cidade.
O Lapin Agile, em Montmartre, cabaré de Paris. 2009 |
Café Framboise em Marais, Paris, 2009 |
Rue du Barre, em Marais, Paris, 2009 |
Café no Champs-Elysées, 2011 |
IV - COMPRANDO AS PASSAGENS
Decidida a data, o destino e o roteiro você já pode começar a comprar as passagens. Mas preste atenção, muitas vezes passagens muito baratas tem muitas escalas, tornando a viagem muito cansativa. Caso tenha que comprar passagens aéreas dentro do país ou continente procure usar vôos low-cost porque são bem mais baratas. Para distancias menores prefira viajar de trem, que tem a vantagem das estações serem no centro das cidades, sem necessidade de deslocamentos para os aeroportos. O único problema do trem é você ter que carregar suas malas e as escadas não são nada confortáveis.
Tem gente que gosta de viajar com todos os ingressos para eventos, passeios, shows, etc, comprados antecipadamente. Eu acho que fica tudo muito engessado mas, para quem viaja na alta temporada e tem puco tempo, ainda é o mais garantido.
Passeio e barco na ilha de Capri, sul da Itália, 2011
V - RESERVANDO HOSPEDAGEM
Você tem várias opções de hospedagem: as mais comuns são os hoteis, o hostel, o bed and breakfast, a guest-house e esta na moda agora, o Airbnb. Como você estará viajando só, aconselho um hostel ou um Airbnb.
Existem hostel de várias categorias, da mais simples até a categoria boutique. E você pode escolher ficar um quarto individual ou coletivo. A vantagem do hostel e do Airbnb (no caso de alugar um quarto) é que você terá com quem conversar e mesmo fazer amizade. Em alguns hostel tem cozinha onde os hóspedes fazem jantares e festas.
Hostel em Berlim, Alemanha, 2014 |
E. se você esta pensando que hostel é só para jovens, saiba que encontrará algumas pessoas de meia-idade também. Pessoas que viajam só e preferem lugares que possam
interagir com os hóspedes. Nestes lugares você encontrará gente do mundo todo e só "ótimas cabeças".
Porem, se você preferir um lugar mais sossegado, ou mesmo ter mais contato com pessoas locais poderá alugar um quarto através do Airbnb, tendo a vantagem de ficar em uma casa de família, conhecendo melhor os costumes do país e ainda poderá ter "dicas" de lugares interessantes de quem mora no local, fugindo do roteiro turístico tradicional.
Hotel Boutique em Miami Beach, USA, 2015 |
VI - USANDO GOOGLE MAPS
Feita as reservas localize no Google Maps os respectivos endereços e faça um download dos mesmos para que possa usa-lo mesmo quando não dispuser de Internet. O fato de ter localizado no mapa os endereços fará com que já se localize antes mesmo de chegar na cidade/local para onde vai. Portanto, estude o mapa e identifique os pontos de referência, as vias estruturais.
O Google maps foi uma das boas contribuições da informática para os viajantes e, se souber usá-lo não haverá o perigo de se perder, ele vai indicar onde você está e ajudá-la a encontrar o seu hostel na volta.
VII - CRIANDO UM BLOG DE VIAGEM
Imagine que o blog é o seu diário de bordo, onde você anota tudo e posta as fotos. Antigamente comprava-se cartões postais e enviava aos amigos e parentes pelos Correios. Na maioria das vezes você chegava antes. Hoje, os amigos acessam seu blog e tem notícias atualizadas da sua viagem.
Diariamente anoto tudo o que fiz durante o dia e posto as fotos. Também anoto o nome e endereço dos locais onde fiquei hospedada, dos bares e restaurantes que gostaria de indicar aos amigos.
Marrakesche, com músicos na Praça El-Fnaa, 2015 |
Café New Yorker em Budapeste, 2014 |
Em Marais, Paris, na saíde de um teatro, 2009 |
Família da seita Amish, em Litle Italy, Nova York, 2015 |
Cenas do Central Park de New York (2015)
Se quiser conhecer todo ele, reserve mais de um dia. Isto se for andar de barco, pedalar, assistir a um conserto ou observar os tipos exóticos que com certeza encontrará.
Hoje, revendo as fotos de viagem percebi quanta coisas fantásticas foram vividas e como marcaram e ampliaram minha maneira de ver o mundo. Também mudamos nosso olhar sobre o que é diferente.
As pessoas sempre viajaram. No final do séc. XVII os jovens aristocratas terminava sua educação acadêmica fazendo um tour pela Europa Continental, acompanhado pelo seu preceptor, era o chamado Grand Tour. De onde vem a palavra turismo, hoje com um significado bem diferente, que nos permite diferenciar o Turista do Viajante.
É com a descrição das viagens de Delacroix ao marrocos e de Flaubert ao Egito que compreendemos a diferença entre o viajante que mergulha na alteridade, desconstruindo a visão do outro como exótico, enquanto que, o turista contemporâneo preserva sua distância nos hoteis de rede, no onibus de turismo e na segurança dos ambientes estandardizados.
Caribe, Ilha de Bimini, 2015 |
Esta possibilidade de mergulho na cultura do outro encontramos também em nossa poeta-viajante, Cecília Meireles. Para ela interessava a cultura e saber o que o outro pensava de seu próprio lugar. Há, pois, uma singularidade do olhar sobre os novos espaços. Cecília Meireles esboça uma tipologia do viajante e do turista. O primeiro tende a "cultuar" o lugar visitado, a experimentar a "aura" deste. O viajante é solicitado por pormenores que o turista apressado só passa por eles.
(texto extraído de VIAGENS E VIAJANTES: UMA LITERATURA DE VIAGENS CONTEMPORÂNEAS, de Luís Antonio Contatori Romano)
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