01 de junho de 2018
Finalmente cheguei em Vila Real. Depois de ler sobre a cidade e descobrir que tinha muitos sítios interessantes, a expectativa para conhecer a cidade onde nascera meu avó materno ficou maior ainda.
Assim, hoje cedo peguei um comboio para o Porto e chegando lá, um táxi para uma estação de autocar. Em 1 hora e meia estava em Vila Real.
Estou hospedada em um hotel 4 estrelas (era esse ou uma pousada muito ruim), ao preço de 50 euros! Algo me diz que teria uma estadia muito agradável.
Situada na região norte, capital da província de Trás-os-Montes e Alto Douro, com 51.850 (2011) habitantes foi fundada em 1272. Encontra-se num belo vale verdejante com pano de fundo as serras do Alvão e do Marão.
Como esperava, está bem mais frio do que em Lisboa, pois sabia que no inverno costuma nevar e a temperatura média anual ser de 13,5 graus.
A cidade é encantadora. É cortado por uma bela avenida arborizada, toda ela ainda calçada em petit pavé, com prédios em cores claras e pouca azulejaria nas fachadas, com detalhes barrocos e manuelinos.
Sé e Igreja de São Domingos
Abaixo a Capela Nova
Segunda-ferira devo ir ao Registro Geral do município ver se consigo mais alguma informações sobre a família de Francisco José de Sousa e Felizarda de Jesus - ele filho de Antonio Joaquim e Maria de Jesus. Ela filha de Felipe José Rodrigues e Ana Maria - na esperança de saber mais sobre meu avô Materno, Mario Augusto de Sousa (nascido em 1894) . Abaixo a bela Igreja de São Pedro, onde ele foi batizado.
Os brasões nas fachadas atestam os títulos de nobreza dos proprietários.
A da foto abaixo pertenceu aos marqueses de Vila Real.
Casa de Diogo Cão (sec. XV) navegador
Pelourinho de Vila Real
03 de maio de 2018
Hoje atravessei a ponte e fui a procura de uma restaurante indicado pelo hotel, pretendia experimentar a culinária local. Comeria carne, desde que não fosse tripa (eles amam), carne bovina ou suína - todas já desaprovadas - restando o carneiro. Pois, tudo que não é frutos do mar, tem muita gordura e o sabor é muito intenso ou, no caso da carne bovina, é o contrário, ela não tem gosto algum.
O restaurante Cais da Villa era muito bonito, fica numa antiga estação de comboios e, não posso dizer que comi mal porque a carne e o molho estavam saborosos mas comi pouco porque precisei separar a gordura e os bacons e não sobrou muita coisa.
Valeu mesmo foi o passeio pela outra margem do rio Corgo porque pude observar melhor o vale verdejante com as serras do Marão e do Alvão ao fundo.
04 de junho de 2018
Apesar do frio, vento e garoa, sai para minha investigação sobre a família Sousa. Parei primeiro na loja de informações turísticas e acabei encontrando um rapaz muito gente boa, o Tiago, que trabalha lá e é especialista em Árvore genealógica que me passou um site onde estão digitalizados todos os arquivos do município. O único problema é que são livros anteriores a 1910, que são manuscritos, numa letra inelegível. Aproveitei para pedir o e-mail do Tiago caso necessite mais informações no futuro: tiago.pereira@outlook.pt
E continuei minha busca por informações, seguindo para a casa do Padre João Parente, pesquisador e grande conhecedor da história da região. Descobri que sua área de interesse é a idade média, o que não ajudou muito.
Depois de tomar quase meia garrafa de vinho do porto, creio que ele queria conversar e achou que me fazendo beber me manteria mais tempo ali. E conversamos muito. Até sobre a crise brasileira pois, como todo português acompanha tudo o que acontece na ex-colonia. Depois ainda deu-me alguns de seus livros.
Saindo dali fui almoçar e depois segui para os Registros Gerais e tive a sorte de conseguir a certidão de óbito do meu bisavô onde consta o endereço da sua residência, ou melhor o nome da rua onde morava porém sem o número da casa.
Segui depois até a Rua Alexandre Herculano, na freguesia de São Pedro e perto da Igreja de S. Pedro, onde residiu Francisco José de Souza meu bisavô e onde, provavelmente, também nasceu meu avô.
Ia pela rua quando pedi uma informação a uma garota e, quando expliquei o que exatamente o procurava - descobrir qual daquelas casas seria a dos meus bisavós - ela me levou até o consultório de um médico próximo dali que, segundo ela sabia tudo sobre aquele sitio.
Ele foi simpaticíssimo e disse que sua família havia adquirido todas as casas da rua e por isto conhecia muitas das histórias dos antigos proprietários.
Disse também que tinha ouvido falar de um militar, cuja mulher era Rodrigues que, se não estava enganado, moraram na casa de número 43.
05 de junho de 2018
Resolvi pesquisar mais e fui ao Arquivo Municipal mas não obtive muita informação mas encontrei o Joaquim Barreira Gonçalves, que também me deu seu e-mail porque trabalha com pesquisa de árvore genealógica: joaquimcbarreirag@gmail.com
Também batemos altos papos. Posso não estar descobrindo muita coisa mas com certeza estou me divertindo muito!
O Joaquim mandou-me procurar o Cartório Notarial Maria de Fátima Fidalgo que não levou 2 minutos para dizer que não havia nenhuma propriedade em nome de Francisco José de Sousa. E, por mais que insistisse não consegui nada.
Fui então para o Arquivo Distrital pedir uma cópia do atestado de batismo na esperança de que nele constasse o endereço da família mas constava que nasceu na Rua da Alegria e não Rua Alexandre Herculano.
Voltei então a falar com o João Machado, aquele mesmo que disse conhecer a história de todos os ex-moradores da rua Alexandre Herculano, que disse que Rua da Alegria era o antigo nome.
Disse também que estava convencido que a casa do meu bisavô era mesmo a de número 43. Perguntei, brincando, se ele apontou esta porque, de todas, era a que estava em pior estado? Que não se preocupasse que não estava atrás de herança.
Segundo o João Machado, eles ocupavam o segundo e o terceiro andar e a entrada era pela rua detrás (foto abaixo).
À tarde fui a Câmara Municipal - a quem cabe a administração do antigo cemitério - olhar os registros para ver se encontrava a lápide do meu bisavô.
Mas, chegando lá fiquei sabendo que, justamente aqueles referente aos anos de 1929 e 1941 (ele morreu em 1937) sumiram em um incêndio ocorrido na Câmara. Mesmo assim resolvi ir até lá e olhar uma por uma todas as lápides. A maioria esta sem nome e coberta por mato e nada encontrei. Se havia uma lápide hoje não existe mais.
Encerrarei por aqui minhas pesquisas. O frio e a garoa constante me convenceram que já está de bom tamanho e devo seguir para Guimarães, onde também chove mas, não posso deixar de ir estando tão perto desta cidade que é tão importante.
Assim, passarei um pouco mais de frio antes de voltar à Lisboa.
E, infelizmente, irei sem conhecer o Palácio de Mateus, que fica na freguesia de Mateus e foi mandado construir por Antonio José Botelho Mourão e administrado pela família Sousa Botelho (curioso ver, no quadro abaixo, como muito antes do meu avô, a história de Lages se cruza com a de Vila Real).